Maduro mobiliza 4,5 milhões de milicianos na Venezuela diante de ameaças dos EUA
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou uma massiva mobilização de 4,5 milhões de milicianos em todo o território nacional. Segundo o líder venezuelano, a medida excepcional é uma resposta direta às crescentes ameaças e pressões que o país enfrenta, em especial por parte dos Estados Unidos. A Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), juntamente com os milicianos, que são civis organizados e treinados para a defesa em caso de conflito, totalizam um efetivo considerável em um momento de alta tensão diplomática e restrições econômicas impostas por Washington. A movimentação reflete a estratégia do governo de Maduro de demonstrar unidade e capacidade de resistência diante de potenciais intervenções externas.
O anúncio ocorre em um cenário já marcado por acusações mútuas entre Caracas e Washington. Os Estados Unidos têm intensificado suas sanções e críticas ao governo de Maduro, culminando em denúncias que envolvem figuras importantes do regime, como o ministro da Justiça, Tarek Saab, acusado de corrupção e de ter um papel ativo na perpetuação do que os EUA descrevem como um regime autoritário e prejudicial ao país. Essa retórica de confronto se traduz em uma postura defensiva por parte de Caracas, que busca fortalecer suas próprias forças de segurança e de defesa territorial.
A milícia bolivariana, criada em 2005, representa um braço civil armado do chavismo, com o objetivo declarado de garantir a soberania e a integridade territorial da Venezuela. A convocatória de 4,5 milhões de membros, embora o número exato de milicianos ativos e treinados possa variar em relatórios, sinaliza um esforço para engajar uma parte significativa da população civil em atividades de vigilância e defesa, promovendo um sentimento de unidade nacional contra ameaças externas percebidas. A organização em comunas e bairros visa facilitar a coordenação e a resposta rápida em situações de emergência.
Essa escalada de retórica e de mobilização militar, mesmo que em caráter de defesa popular, não deixa de gerar preocupações quanto a uma possível deterioração do já precário cenário humanitário e de direitos humanos na Venezuela. A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos, enquanto a população venezuelana continua a enfrentar desafios econômicos e sociais significativos. A capacidade de mobilização civil em larga escala, embora apresentada como um ato de soberania, é também um indicativo do nível de polarização e do engajamento político promovido pelo governo em seu projeto de nação.