Lula defende G20 como única instância global, apontando para a dissolução do G7
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua participação na Cúpula do G7 no Canadá, defendeu enfaticamente a extinção do G7 em favor da consolidação do G20 como o principal e único fórum de governança global. A crítica de Lula reside na premissa de que o G7, ao reunir apenas as sete maiores economias desenvolvidas, é um arranjo obsoleto que não reflete a complexidade e a diversidade do cenário geopolítico e econômico atual. A inclusão de nações emergentes e em desenvolvimento no G20, segundo ele, torna este último um ambiente mais representativo para as discussões e decisões que afetam o mundo. Essa posição se alinha à defesa brasileira de um multilateralismo mais robusto e inclusivo. O G20 é composto por 19 países e a União Europeia, representando cerca de 80% do PIB mundial, dois terços da população global e 75% do comércio internacional, o que o torna um fórum mais abrangente e, consequentemente, mais legítimo para abordar os desafios globais. A ideia de que um grupo seleto de nações deva ditar as regras do jogo global foi historicamente contestada por países do Sul Global, que buscam um sistema mais multipolar. A proposta de Lula ganha relevância em um contexto de crescentes tensões internacionais, incluindo a continuidade da guerra na Ucrânia e a recente escalada de hostilidades entre Israel e Irã. Estes conflitos evidenciam a necessidade de uma coordenação global mais ampla e eficaz para a resolução de crises, algo que, na visão de Lula, o G7, por sua natureza restrita, não consegue prover adequadamente. A Cúpula serviu também como palco para importantes encontros bilaterais, como a reunião de Lula com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, sublinhando a busca por soluções diplomáticas em cenários de conflito. A defesa do G20 como principal instância global não é apenas uma questão de representatividade, mas também de eficácia. Em um mundo interconectado, problemas como mudanças climáticas, pandemias e crises econômicas exigem soluções coletivas que engajem uma gama mais ampla de atores com diferentes realidades e perspectivas. Ao advogar pela dissolução do G7 e fortalecimento do G20, o Brasil, através de seu presidente, reforça sua projeção como um player global que busca um sistema internacional mais justo, equilibrado e capaz de lidar com os desafios complexos do século XXI. Essa postura reflete a aspiração de nações em desenvolvimento em terem voz ativa nas decisões que moldam o futuro global, afastando-se de arranjos que historicamente concentraram o poder em poucas mãos. O debate sobre a governança global é um tema central nas relações internacionais e a proposta de Lula adiciona mais uma camada a essa discussão vital.