O Japão testemunhou em 2024 o maior declínio populacional de sua história registrada, com uma perda de aproximadamente 908 mil pessoas, o que representa o maior decréscimo desde 1968. Essa acentuada queda demográfica levanta sérias preocupações sobre o futuro do país, que já vinha enfrentando uma persistente crise de natalidade. A situação ultrapassou as projeções mais pessimistas, indicando que as medidas adotadas até agora podem não ter sido suficientes para reverter o quadro.

Vários fatores contribuem para esse cenário alarmante. A baixíssima taxa de fecundidade, onde as mulheres têm, em média, menos de dois filhos, é um dos pilares da crise. Isso se deve a uma série de razões complexas, incluindo os altos custos de criação de filhos, a dificuldade em conciliar carreira e família, a pressão social por desempenho profissional e a falta de creches acessíveis e de qualidade. A cultura de longas jornadas de trabalho e a rígida hierarquia no ambiente corporativo desencorajam ainda mais a formação de famílias.

Além da baixa natalidade, a emigração de jovens profissionais em busca de melhores oportunidades em outros países e o envelhecimento da população, com uma expectativa de vida cada vez maior, também impactam negativamente o saldo populacional. O Japão já possui uma das populações mais idosas do mundo, e o grande número de aposentadorias somado à baixa entrada de novos trabalhadores na força produtiva gera um desequilíbrio econômico e social considerável.

Em contrapartida, algumas cidades japonesas têm visto um aumento na presença de estrangeiros, com 14 municípios registrando mais de 10% de sua população composta por imigrantes. Essa diversificação é vista como uma possível solução para a escassez de mão de obra, mas a integração desses novos residentes e a adaptação da sociedade são desafios que precisam ser abordados de forma estratégica para que o Japão possa mitigar os efeitos da sua profunda crise demográfica e garantir um futuro sustentável.