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Jacarta: A Megalópole que Afunda e Planeja um Novo Futuro

A afirmação da ONU sobre Jacarta ser a cidade mais populosa do mundo ecoa uma realidade demográfica e urbana complexa. Com uma população que gira em torno de 10 milhões de habitantes em seu núcleo e mais de 30 milhões na região metropolitana, Jacarta se consolida como uma das maiores megalópoles globais. Essa aglomeração massiva impõe desafios significativos em termos de infraestrutura, saneamento, transporte e, crucialmente, na gestão de recursos hídricos. A expansão urbana desordenada e a dependência excessiva de aquíferos subterrâneos para abastecimento de água levaram a um fenômeno preocupante: o afundamento do solo. Em algumas áreas, a subsidência já atinge taxas alarmantes de vários centímetros por ano, enquanto a elevação do nível do mar, um subproduto das mudanças climáticas, agrava a situação, aumentando o risco de inundações costeiras e salinização das fontes de água doce. O governo indonésio tem buscado implementar medidas para mitigar os efeitos do afundamento e das inundações, como a construção de barreiras marítimas e a tentativa de controlar a extração de água subterrânea. Um projeto inovador que tem sido mencionado é a utilização de métodos de controle de inundações que buscam gerenciar o fluxo de água, embora a eficácia a longo prazo em uma cidade em constante declínio seja um desafio considerável. A gestão hídrica em Jacarta é uma luta constante entre as necessidades de uma população em crescimento e as limitações impostas pela geografia e pelo aquecimento global. Diante da gravidade da situação e da inviabilidade de se sustentar a longo prazo na localização atual, o presidente Joko Widodo tomou a decisão histórica de transferir a capital da Indonésia para uma nova cidade planejada, Nusantara, localizada na província de Bornéu Oriental, em ilha de Bornéu. A escolha de Bornéu visa um local com menor risco geológico, longe das áreas de subsidência e das zonas costeiras vulneráveis de Jacarta. O projeto, que envolve investimentos massivos, busca não apenas realocar a administração pública, mas também descentralizar o desenvolvimento e criar um novo polo econômico, com infraestrutura moderna e focada na sustentabilidade. A mudança da capital é um empreendimento de magnitude sem precedentes na história recente da Indonésia e, possivelmente, do mundo. A construção de Nusantara representa um esforço monumental para garantir a continuidade do desenvolvimento do país e a segurança de seus líderes e cidadãos. Contudo, a empreitada levanta questões sobre custos, impacto ambiental na região de Bornéu, e a viabilidade de afastar o centro de poder de Jacarta, que já é um motor econômico e cultural consolidado. A experiência de Jacarta serve como um alerta global sobre as consequências da urbanização insustentável e a urgência de adaptação às mudanças climáticas.