Irã pode iniciar enriquecimento de urânio para bomba em meses, alerta chefe da agência nuclear da ONU
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, emitiu um alerta preocupante nesta terça-feira, indicando que o Irã pode estar a apenas alguns meses de distância de possuir material físsil suficiente para fabricar uma arma nuclear. Essa declaração surge em um contexto de crescentes tensões na região do Oriente Médio, marcada pela recente troca de ataques entre Israel e o Irã, que gerou receios de uma escalada militar generalizada. A capacidade de enriquecer urânio a níveis de pureza elevados é um passo crucial e tecnológico para o desenvolvimento de armamentos nucleares, colocando o país em uma posição de potencial ameaça à segurança internacional. Grossi enfatizou que, embora o Irã alegue que seu programa nuclear é para fins pacíficos, a proximidade com a capacidade de construir uma bomba é inegável e exige vigilância constante por parte da comunidade internacional. O enriquecimento de urânio envolve a separação dos isótopos urânio-235 (U-235) do urânio-238 (U-238), pois o U-235 é o único isótopo natural do urânio que é físsil, ou seja, que pode sustentar uma reação em cadeia nuclear. Para reatores de energia nuclear, o urânio é geralmente enriquecido a um nível de 3% a 5% de U-235. Já para a fabricação de armas nucleares, o urânio precisa ser enriquecido a níveis muito superiores, tipicamente acima de 90% de U-235, em um processo conhecido como enriquecimento de grau militar. O Irã possui uma rede de centrífugas avançadas que aceleram dramaticamente esse processo de separação isotópica em comparação com tecnologias mais antigas. A declaração do chefe da AIEA adiciona uma nova camada de complexidade e urgência às negociações e à diplomacia internacional, que já lidam com a instabilidade geopolítica na região. A própria possibilidade de o Irã deter tecnologia para a produção de armas nucleares, juntamente com um programa de mísseis balísticos robusto, representa um desafio significativo para o regime de não proliferação nuclear global. A comunidade internacional observa atentamente os próximos passos do Irã e as reações diplomáticas e estratégicas dos países afetados e suas alianças. A forma como essa questão será gerenciada pode ter profundas implicações para a paz e a segurança mundiais, especialmente em uma região já marcada por numerosos conflitos e disputas.