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IPCA-15 registra deflação de 0,14% em agosto, impulsionado por queda em energia e alimentos

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, registrou uma variação de -0,14% em agosto. Este é o primeiro resultado deflacionário mensal desde julho de 2023, refletindo uma desaceleração significativa nos preços em diversos setores da economia brasileira. A queda é atribuída principalmente a fatores como a diminuição nas contas de energia elétrica, a redução nos preços dos combustíveis e a desvalorização de alguns itens da cesta básica, como carnes e hortaliças. Essa conjuntura favorável pode representar um alívio para o orçamento das famílias brasileiras, que vinham enfrentando pressões inflacionárias consideráveis no período anterior. A taxa acumulada em 12 meses até agosto atingiu 4,06%, permanecendo dentro do intervalo de tolerância da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central.

Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidenciam que o grupo de Habitação foi o principal responsável pela deflação, com uma queda de 1,34%, impulsionada pela bandeira tarifária de energia elétrica e pela redução nos preços dos botijões de gás de cozinha em algumas regiões. O grupo de Alimentação e Bebidas também contribuiu positivamente para o resultado, apresentando uma queda de 0,74%, influenciada, em parte, pela boa oferta de determinados produtos agrícolas e pela ligeira valorização do real frente a outras moedas, que tende a baratear os importados. Transportes, embora com uma contribuição menor, também mostraram recuo nos preços, refletindo a queda recente nos preços dos combustíveis nos postos, após ajustes nas refinarias e na política de precificação da Petrobras.

A expectativa do mercado financeiro é que essa desaceleração inflacionária possa dar ao Banco Central margem para a continuidade do ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic. O Comitê de Política Monetária (Copom) tem sinalizado cautela diante de incertezas no cenário internacional, como as decisões de política monetária nos Estados Unidos, em especial atuações do Federal Reserve (Fed), e a volatilidade nos preços das commodities. No entanto, a melhora nos indicadores internos de inflação pode fortalecer o argumento para uma política monetária mais expansionista nos próximos meses, visando estimular a atividade econômica e o investimento.

É importante notar que a dinâmica de preços pode sofrer alterações rapidamente, dependendo de fatores climáticos, eventos geopolíticos e decisões estratégicas de empresas e governos. A consolidação dessa tendência de desaceleração inflacionária dependerá da manutenção da oferta de alimentos, da estabilidade nos preços de energia e combustíveis e da ausência de choques externos significativos. Analistas econômicos de diversas instituições financeiras sugerem monitorar de perto o comportamento dos preços de serviços, que ainda podem apresentar alguma rigidez, e os núcleos de inflação, que captam a trajetória de preços mais persistentes na economia.