Idec Alerta: Destaque de Proteínas em Rótulos Pode Enganar Consumidores Sobre Saúde dos Alimentos
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) tem levantado preocupações significativas a respeito da forma como a informação sobre o teor de proteína é apresentada nos rótulos de alimentos. Segundo a entidade, a ênfase desproporcional na quantidade de proteína pode criar uma percepção equivocada de que todos os alimentos com esse destaque são inerentemente saudáveis e benéficos para o consumo. Essa estratégia de marketing, segundo o Idec, induz o consumidor a associar o termo proteína com dietas equilibradas e nutricionalmente superiores, sem que essa premissa seja sempre verdadeira quando se avalia o perfil nutricional completo do produto. A prática é vista como uma forma de ludibriar o consumidor, que busca opções mais saudáveis em suas escolhas alimentares.
Na análise do Idec, o problema reside no fato de que o destaque para a proteína muitas vezes ocorre em produtos que podem conter outros ingredientes menos desejáveis, como altos níveis de sódio, açúcares adicionados, gorduras saturadas ou trans, e aditivos alimentares. O consumidor, ao se deparar com a informação “rico em proteína” ou “com proteína adicionada”, pode ser levado a acreditar que está fazendo uma escolha nutritiva, desconsiderando a presença desses outros componentes que, em excesso, podem ser prejudiciais à saúde a longo prazo. Essa prática se alinha com o fenômeno de “healthwashing”, onde os fabricantes exageram os benefícios de seus produtos para torná-los mais atrativos no mercado, mas que pode ter consequências negativas para a saúde pública, contribuindo para a desinformação nutricional.
O Idec argumenta que a regulamentação atual sobre a rotulagem nutricional precisa ser aprimorada para garantir que a informação seja clara, completa e não enganosa. A sugestão da entidade é que os rótulos apresentem uma visão mais holística do perfil nutricional do alimento, talvez com a inclusão de advertências sobre o excesso de outros nutrientes considerados críticos, como açúcar, sódio e gorduras saturadas. A proposta visa proteger o consumidor, permitindo que ele faça escolhas alimentares mais conscientes e baseadas em informações precisas e equilibradas, em vez de ser influenciado por alegações isoladas que podem levar a interpretações incorretas sobre a qualidade nutricional do alimento, especialmente em um contexto onde o consumo de alimentos ultraprocessados ainda é relevante.
Diante desse cenário, o Idec incentiva os consumidores a desenvolverem um olhar mais crítico ao selecionar produtos no supermercado, recomendando a leitura atenta da lista de ingredientes e da tabela nutricional completa, em vez de se basear unicamente nas chamadas de destaque na embalagem. A conscientização sobre o papel da proteína na dieta, que é fundamental, deve ser equilibrada com a atenção a todos os outros nutrientes que compõem um alimento. A proliferação de produtos que se autodenominam ‘proteicos’ ou ‘funcionais’ exige vigilância constante por parte dos órgãos de defesa do consumidor e uma maior responsabilidade por parte da indústria alimentícia, para que a busca por uma alimentação mais saudável seja verdadeiramente facilitada e não obstruída por estratégias de marketing que podem ser consideradas enganosas ou até mesmo prejudiciais aos hábitos de saúde da população.