Haddad culpa Campos Neto por nova alta da Selic e defende cautela com gastos públicos
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em sua mais recente declaração, atribuiu a nova alta da taxa básica de juros, a Selic, à condução do Banco Central sob a presidência de Roberto Campos Neto. Haddad argumentou que essa decisão foi uma estratégia para conter a inflação em um cenário econômico instável, mas que essa alta de juros impacta diretamente a capacidade de investimento e o desenvolvimento do país. Ele também fez uma contextualização histórica, mencionando que as contas públicas foram desorganizadas durante a gestão anterior, especialmente em 2022, e que sua pasta tem trabalhado para reequilibrar o quadro fiscal. A postura do ministro demonstra uma clara responsabilização de Campos Neto pela política monetária atual, divergindo da autonomia técnica que o Banco Central busca manter. A declaração de Haddad também sinaliza um posicionamento firme em relação ao controle de gastos públicos. Ele afirmou que qualquer discussão sobre o aumento de despesas do governo está suspensa até que se alcance um patamar de sustentabilidade financeira que permita tais liberalidades. Essa abordagem visa transmitir ao mercado e à sociedade uma mensagem de responsabilidade fiscal, fundamental para a confiança na economia. O ministro enfatiza a necessidade de cautela, indicando que as prioridades atuais são a estabilização da dívida pública e a criação de um ambiente macroeconômico mais previsível, o que, segundo ele, seria prejudicado por aumentos de gastos sem lastro. Em defesa de sua equipe e em especial de Gabriel Galípolo, Secretário de Política Econômica, Haddad evitou críticas diretas ao seu subordinado, direcionando a responsabilidade pela taxa de juros de 15% para a liderança do Banco Central. Essa estratégia de defesa busca proteger a coesão interna do Ministério da Fazenda e, ao mesmo tempo, reforçar seu argumento sobre a necessidade de uma política monetária mais alinhada com as necessidades de crescimento econômico do Brasil. A diferenciação entre as responsabilidades dentro do governo e a atribuição de culpa a um órgão externo ao ministério pode ser interpretada como um movimento político para consolidar a narrativa de que o governo atual está corrigindo os rumos da economia. A vinculação da alta da Selic a acontecimentos políticos anteriores, como a tentativa de reeleição da gestão passada, levanta a questão sobre a politização das decisões econômicas e a busca por uma justificativa clara para os desafios enfrentados. Haddad, ao associar a política monetária a essas circunstâncias, pode estar tentando criar uma narrativa que explique as dificuldades atuais e posicione o governo como um agente de correção e estabilidade. A defesa da cautela nos gastos públicos se alinha a essa narrativa, projetando uma imagem de prudência e compromisso com a saúde financeira do país a longo prazo.