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Governo Veta Canetas Emagrecedoras como Ozempic no SUS

A decisão do governo brasileiro de vetar a inclusão de canetas emagrecedoras como Ozempic, Wegovy e Saxenda no Sistema Único de Saúde (SUS) tem gerado intensos debates no meio médico e na sociedade. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), órgão ligado ao Ministério da Saúde, emitiu parecer contrário à incorporação desses medicamentos, apontando preocupações relacionadas à sustentabilidade financeira e à eficácia a longo prazo para o sistema público. A exclusão desses tratamentos, que ganharam notoriedade mundial por sua capacidade de promover a perda de peso, levanta questões importantes sobre as prioridades de investimento em saúde e o acesso a novas terapias para doenças crônicas. A obesidade, reconhecida como uma epidemia global, afeta uma parcela significativa da população brasileira, demandando soluções eficazes e acessíveis.

Os medicamentos em questão, conhecidos como análogos do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1), atuam regulando o apetite e o metabolismo da glicose. O Ozempic e o Wegovy, ambos contendo semaglutida, e o Saxenda, com liraglutida, demonstraram resultados promissores em ensaios clínicos para o controle do peso em pacientes com obesidade e comorbidades relacionadas. No entanto, o alto custo desses tratamentos tem sido um fator limitante para sua ampla adoção pelo SUS, que já lida com um orçamento apertado e uma demanda crescente por serviços de saúde para diversas condições. A discussão envolve não apenas o custo direto dos medicamentos, mas também a necessidade de acompanhamento médico especializado e a possibilidade de efeitos colaterais.

Profissionais de saúde e pacientes expressam preocupação com a decisão, considerando-a um “escárnio” para aqueles que lutam contra a obesidade e que poderiam se beneficiar significativamente desses tratamentos. A argumentação é que o SUS tem o dever de oferecer as melhores tecnologias disponíveis para a população, especialmente quando se trata de doenças que aumentam o risco de outras condições graves, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e apneia do sono. A falta de acesso a terapias eficazes pode perpetuar o ciclo de doenças e sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde no futuro, com custos maiores associados ao tratamento de complicações.

Diante da rejeição inicial, surge a expectativa de que novas avaliações e dados possam ser apresentados à Conitec, reabrindo a possibilidade de incorporação futura. Especialistas sugerem que uma estratégia de incorporação gradual, com critérios rigorosos para elegibilidade dos pacientes e negociação de preços com os fabricantes, poderia ser um caminho para viabilizar o acesso a esses medicamentos no SUS. A busca por alternativas de financiamento e a avaliação do custo-efetividade de longo prazo serão cruciais para que essa discussão avance de forma a contemplar as necessidades de saúde pública e a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro. A sociedade aguarda um posicionamento mais claro e definições sobre como a obesidade será tratada no âmbito do SUS.