Galípolo defende juros restritivos e pede vigilância do BC até 2026
Gabriel Galípolo, Diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, em sua recente participação em eventos, reiterou a importância de manter a taxa básica de juros, a Selic, em níveis restritivos por um período considerado prolongado. Segundo Galípolo, essa estratégia é fundamental para consolidar a convergência da inflação para a meta estabelecida pelo governo. Ele enfatizou que o processo de normalização dos canais de transmissão da política monetária não é instantâneo e requer a continuidade de reformas estruturais que fortaleçam a economia e tornem seu funcionamento mais eficiente. A visão do BC é que a cautela e a vigilância na condução da política monetária devem se estender, no mínimo, até o final de 2025 e se estender por 2026, demonstrando um compromisso com a estabilidade de preços a médio e longo prazo. A menção de “afastar a bola da pequena área” utilizada por Galípolo ilustra a necessidade de o Banco Central agir de forma preventiva e com margem de manobra, evitando riscos que possam desviar o curso da política monetária de seus objetivos primordiais, qual seja, o controle inflacionário de forma sustentável. Essa abordagem reflete um posicionamento conservador, porém estratégico, visando a ancoragem das expectativas inflacionárias nos agentes econômicos, um fator crucial para o sucesso do combate à inflação. O cenário econômico atual, com pressões inflacionárias residuais e a necessidade de ajustes nas expectativas, justifica a postura mais comedida do Banco Central. A aprovação de reformas que promovam maior competitividade, reduzam custos de produção e melhorem o ambiente de negócios é vista como um complemento essencial à política monetária, potencializando seus efeitos e contribuindo para uma inflação mais baixa e estável no futuro. A sucessão de reformas, portanto, é vista como um pilar para a normalização das transmissões da política monetária, permitindo que as decisões do BC se traduzam de maneira mais eficaz nas condições econômicas gerais, sem a necessidade de intercessões monetárias desnecessariamente apertadas. A postura de Galípolo alinha-se com a observância de que a política monetária atua com defasagens e que um ciclo de aperto, para ser eficaz, deve ser mantido tempo suficiente para que seus efeitos se dissipem completamente, evitando um afrouxamento prematuro que poderia ressuscitar pressões inflacionárias. A comunicação clara sobre esses propósitos e prazos é vital para gerenciar as expectativas do mercado e da sociedade, fomentando a confiança na capacidade do Banco Central de cumprir seu mandato. A manutenção de juros restritivos por um período prolongado é uma ferramenta de uso comum em economias que buscam consolidar a desinflação, e o Brasil não foge a essa regra, especialmente considerando os desafios históricos da economia brasileira no controle inflacionário. A vigilância mencionada por Galípolo é, portanto, um chamado à atenção contínua dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom) para todos os indicadores econômicos relevantes, desde o mercado de trabalho até as projeções de inflação em diferentes horizontes temporais. Essa postura proativa visa assegurar que o objetivo de inflação seja alcançado e mantido, protegendo o poder de compra da população e contribuindo para a estabilidade econômica geral do país, um fator indispensável para o crescimento sustentável e o bem-estar social. A política monetária, em sua essência, busca equilibrar os objetivos de crescimento econômico e estabilidade de preços. Em conjunções de alta inflação, o Banco Central tende a priorizar este último, mesmo que isso implique um ritmo de expansão econômica mais contido no curto prazo. A declaração de Galípolo sobre a necessidade de manter juros restritivos por tempo prolongado e a vigilância até 2026 indica uma clara prioridade à consolidação da desinflação, acreditando que os frutos dessa estratégia – inflação baixa e estável – beneficiarão a economia brasileira no médio e longo prazo, criando um ambiente mais propício ao investimento e à geração de empregos.