A 48ª Expointer, um dos eventos agropecuários mais importantes do Brasil, encerrou suas atividades com um saldo misto de resultados. Por um lado, a feira alcançou um número recorde de visitantes, demonstrando o interesse contínuo do público pelo setor e pelas novidades apresentadas. Esse alto comparecimento é um indicativo da relevância da Expointer como vitrine para o agronegócio brasileiro e um termômetro da economia rural. A presença massiva da população, especialmente no último dia, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, reforça o papel do evento como ponto de encontro e celebração do campo.

Por outro lado, os números de vendas trouxeram um alerta para o setor. As vendas de máquinas agrícolas, um dos principais indicadores da saúde financeira e do nível de investimento dos produtores rurais, apresentaram uma queda acentuada de 48,9%. Este declínio pode ser atribuído a diversos fatores, como o endividamento de parte dos agricultores, a alta das taxas de juros, a instabilidade econômica e a incerteza em relação a políticas públicas para o setor. A expectativa por melhores condições de financiamento e um cenário econômico mais favorável pode ter levado muitos produtores a adiar suas compras de equipamentos.

As vendas gerais da feira também sentiram o impacto, com uma redução de 45,5% em comparação com o ano anterior. Embora um público recorde tenha circulado pelo parque, isso não se traduziu diretamente em um volume de negócios proporcionalmente alto. Essa discrepância sugere que, apesar do interesse, o poder de compra dos visitantes pode ter sido limitado, ou que o foco principal de muitos era a visitação e o conhecimento das novas tecnologias e produtos, em vez da aquisição imediata.

Nesse contexto, o Pavilhão da Agricultura Familiar se destacou como um polo de atração e comercialização de uma gama diversificada de produtos. Os frequentadores demonstraram apreço pela qualidade e variedade oferecida pelos pequenos produtores, resultando em um fluxo positivo de negócios e na valorização da produção local. Este segmento, muitas vezes menos dependente de grandes investimentos em maquinário e mais focado na produção sustentável e agregada, parece ter navegado melhor o cenário econômico atual, evidenciando a força e a resiliência da agricultura familiar.