EUA Pressionam Brasil: Ideologia, Big Techs e China nos Bastidores da Nova Diplomacia
A investida dos Estados Unidos sobre o Brasil, conforme analisado por Jamil Chade, não se restringe a meras questões comerciais, mas abrange uma intrincada teia de ideologia, a influência das grandes empresas de tecnologia (big techs) e a crescente proeminência da China no cenário global. A administração americana, sob a égide de políticas que visam manter a hegemonia global e contrabalançar o avanço chinês, tem intensificado sua pressão sobre países como o Brasil, buscando alinhar suas agendas e garantir vantagens estratégicas. Essa abordagem muitas vezes se traduz em medidas que, embora apresentadas como benéficas, podem gerar consequências imprevistas para a economia e a soberania brasileira, especialmente no que se refere à sua capacidade de negociar com outros blocos econômicos.A gestão de Donald Trump, em particular, é apontada por especialistas como um fator complicador na capacidade do agronegócio americano de competir em termos equitativos no mercado internacional. A imposição de tarifas e a adoção de uma postura protecionista por parte dos EUA geraram contramedidas de outros países, resultando em um cenário de incerteza e instabilidade comercial. Para o Brasil, essa dinâmica abre portas para um realinhamento estratégico, aproximando-o da China em termos de acordos comerciais e investimentos. A ideia de que o Brasil possa fortalecer seus laços com a China para mitigar os efeitos das políticas americanas ganha força, especialmente diante da percepção de que o país asiático se mostra mais aberto a parcerias de longo prazo e investimentos em infraestrutura.A notícia sobre a falsidade de um acordo comercial de 20 anos entre Brasil e China após as tarifas impostas por Trump sugere que, apesar das especulações, as negociações comerciais bilaterais seguem em curso, porém sem garantias ou formalizações de tal magnitude. Essa informação desmistifica a ideia de um alinhamento automático e inquestionável com a China, indicando que o Brasil mantém sua autonomia na condução de suas políticas externas e comerciais. Contudo, a pressão americana por uma aproximação o mais distante possível da China impõe um dilema significativo para o desenvolvimento brasileiro, que busca diversificar seus parceiros e otimizar suas relações econômicas em um mundo cada vez mais multipolar.A questão da ferrovia interoceânica e a agenda de desdolarização tornam-se, assim, elementos centrais na pressão exercida pelos EUA sobre o Brasil. A busca por alternativas ao domínio do dólar nas transações internacionais e os projetos de infraestrutura que visam facilitar o comércio entre diferentes continentes, como a ligação transoceânica, são vistas pelos americanos como ameaças à sua influência. Nesse contexto, o Brasil se encontra em uma posição delicada, obrigado a ponderar os benefícios de novas parcerias e projetos com o risco de desagradar um de seus principais parceiros comerciais e políticos, os Estados Unidos, em virtude de sua própria agenda estratégica e de desenvolvimento.