EUA e Europa Ausentes na Pré-COP30: Desafios Climáticos Intensificam-se
A pré-conferência preparatória para a COP30, que acontecerá em Belém do Pará em novembro de 2025, está sendo marcada por ausências significativas. Diplomatas e ativistas climáticos expressam preocupação com o boicote dos Estados Unidos, que não enviará representantes, e o silêncio de diversos países europeus, que tradicionalmente têm um papel ativo nas negociações climáticas globais. Essa retração de potências globais levanta sérias dúvidas sobre o nível de compromisso e a ambição que serão apresentados na conferência principal, especialmente considerando a urgência em cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris e os desafios crescentes impostos pelas mudanças climáticas, como eventos climáticos extremos e a elevação do nível do mar. A ausência de discussões conjuntas e consolidadas nesta fase preparatória pode comprometer a eficácia das negociações futuras e dificultar o avanço de novas metas climáticas.
O Brasil, como anfitrião da COP30, tem a tarefa monumental de tentar unir as nações em tempos de divergências políticas e econômicas. A Ministra Marina Silva, que tem defendido uma abordagem ética para a ação climática, ressaltou a importância de que esta não seja apenas uma questão ambiental, mas também social e de justiça. Essa perspectiva ética busca garantir que as soluções climáticas não agravem as desigualdades existentes e que os países mais vulneráveis sejam ouvidos e apoiados. A expectativa é que o presidente da COP diga que sua prioridade é evitar bloqueios nas negociações, o que sugere um foco em diplomacia e conciliação para superar as divergências de interesses entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. No entanto, a ausência de atores chave como os EUA pode enfraquecer essa estratégia, pois sua participação é vital para a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos.
As razões por trás da ausência dos EUA podem ser complexas, envolvendo questões políticas internas e possivelmente uma reavaliação de suas prioridades em negociações multilaterais. Contudo, é inegável que a liderança americana tem sido historicamente crucial na condução das agendas climáticas globais. Da mesma forma, a hesitação de alguns países europeus pode refletir preocupações com os custos da transição energética ou outros desafios geopolíticos. Essa falta de sincronia entre as principais economias mundiais em um momento tão crítico para o planeta envia um sinal preocupante para as nações em desenvolvimento, que dependem do apoio internacional para implementar suas próprias metas de adaptação e mitigação. A COP30, sendo realizada em uma região de grande biodiversidade e com populações suscetíveis aos impactos climáticos, carrega uma responsabilidade ainda maior em gerar resultados concretos.
Com menos da metade dos países confirmados a menos de um mês do início da conferência, o cenário para a COP30 se torna incerto. A declaração de uma fonte próxima à organização indica que o objetivo principal será garantir a fluidez das discussões, evitando impasses que paralisaram edições anteriores. Isso pode significar a necessidade de focar em áreas de consenso e adiar debates mais controversos para fóruns posteriores. É fundamental que, mesmo diante dessas ausências e silêncios, a comunidade internacional reforce o compromisso com a ciência climática e busque soluções colaborativas. A COP30 em Belém tem a oportunidade única de se firmar como um marco de esperança e ação concreta, mas para isso, precisará superar os obstáculos diplomáticos e garantir a participação e o engajamento de todos os atores globais, buscando ativamente incluir as vozes que hoje se fazem ouvir com menor intensidade.