Esquerda se veste de verde e amarelo em atos pelo 7 de Setembro e gera repercussão
Em mais um 7 de Setembro, data marcada por celebrações da Independência do Brasil e atos políticos diversos, a esquerda brasileira se destacou por uma estratégia inusitada: a adoção do verde e amarelo em seus manifestos. Sob a justificativa de “resgatar” e defender a soberania nacional, diversos grupos e movimentos ligados à centro-esquerda e esquerda saíram às ruas em várias cidades do país, manifestando suas pautas e utilizando as cores nacionais como um símbolo de pertencimento e reivindicação popular. A iniciativa, vista por muitos como uma tentativa de ocupar um espaço simbólico que por vezes é associado a outros grupos políticos, gerou debates intensos sobre o significado das cores e a representação da identidade nacional.
A mobilização, que em muitos casos foi organizada sob o guarda-chuva de movimentos como o Grito dos Excluídos, buscou enfatizar a soberania nacional e criticar o que consideram ser ameaças à democracia e aos interesses do povo brasileiro. Os manifestantes levaram às ruas bandeiras gigantes do Brasil, faixas com mensagens políticas e cantaram o hino nacional, em um esforço para demonstrar que a pauta da pátria não é exclusiva de um espectro político. A escolha do verde e amarelo foi vista por alguns analistas como uma tática para atrair um público mais amplo e desmistificar a ideia de que as cores nacionais pertencem a um único grupo ideológico, buscando reinterpretar e apropriar-se desses símbolos nacionais.
A repercussão da iniciativa não tardou a surgir, especialmente por parte de opositores e figuras políticas do campo da direita. Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, ironizou a atitude, utilizando a expressão “Fizemos milagre” para comentar a presença da esquerda com as cores nacionais. Essa declaração reflete a percepção de muitos apoiadores do ex-presidente de que o verde e amarelo se tornou um símbolo intrinsecamente ligado à sua gestão e ao seu movimento político. A crítica sugere que a adoção das cores pela esquerda seria uma tentativa tardia e talvez forçada de dialogar com um eleitorado que se identifica fortemente com esses símbolos.
O debate sobre a apropriação e o significado dos símbolos nacionais é um tema recorrente na política brasileira. Enquanto alguns argumentam que as cores da bandeira representam a totalidade da nação e, portanto, deveriam ser acessíveis a todos os cidadãos, independentemente de suas afiliações políticas, outros defendem que determinados símbolos acabam adquirindo conotações ideológicas específicas devido ao seu uso histórico e recente por determinados grupos políticos. A iniciativa da esquerda no 7 de Setembro evidencia essa tensão, colocando em pauta a disputa pela narrativa e pela representação dos valores patrióticos no cenário político contemporâneo.