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Enterro de Bira Presidente: Rio de luto e legado do samba

O Rio de Janeiro se despede de uma de suas maiores lendas do samba. O corpo de Ubirany Castro Pereira, carinhosamente conhecido como Bira Presidente, foi sepultado nesta quarta-feira, em uma cerimônia emocionante que reuniu familiares, amigos e admiradores de seu trabalho. O sambista, que faleceu aos 85 anos, foi um dos pilares do grupo Cacique de Ramos e cofundador do icônico Fundo de Quintal, deixando um legado musical e cultural profundo para o Brasil. Sua partida é sentida não apenas no mundo do samba, mas em toda a sociedade, evidenciada pelas diversas homenagens e luto oficial decretado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Bira Presidente era mais que um músico; ele era um guardião da tradição do samba e um inovador que soube como poucos modernizar o gênero sem perder suas raízes. Seu trabalho à frente do Cacique de Ramos transformou o bloco em um celeiro de talentos e um ponto de encontro para a elite do samba. Artistas como Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz tiveram no Cacique um palco e uma escola, e a influência de Bira nesses nomes é inegável. O Fundo de Quintal, por sua vez, revolucionou o samba com a introdução de instrumentos como o banjo com afinação de cavaquinho e o tantã, estabelecendo um novo padrão para o samba de raiz e conquistando fãs em todo o país e além. A relevância de Bira Presidente transcende o aspecto musical. Ele foi um defensor incansável do samba como expressão cultural e social, lutando pela valorização dos artistas e pela preservação das tradições. Sua liderança e carisma eram inspiradores, e sua ausência deixará um vazio no cenário musical brasileiro. O reconhecimento de seu impacto pode ser visto nas manifestações de pesar de diversas personalidades, incluindo o Presidente Lula, que destacou a contribuição de Bira à música e à história do país. O luto oficial de três dias decretado pela Prefeitura do Rio é um testemunho da importância de Bira Presidente para a cidade e para a cultura nacional. Embora sua voz e seu pandeiro não ecoem mais os palcos, seu legado musical continuará vivo, inspirando novas gerações de sambistas e mantendo acesa a chama de um gênero que ele tanto amou e ajudou a moldar. A história do samba não seria a mesma sem a dedicação e o talento de Bira Presidente, um verdadeiro mestre que agora descansa, mas cuja obra permanece eterna.