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Economistas divergem de Lula sobre austeridade fiscal; novas moedas e desenvolvimento sustentável em pauta

A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a austeridade fiscal não produziu os resultados esperados em nenhum país gerou um debate acirrado entre economistas. Muitos especialistas em finanças públicas argumentam que a disciplina fiscal, ou seja, o controle rigoroso dos gastos públicos e a busca pela redução do déficit, é fundamental para atrair investimentos, manter a inflação sob controle e garantir a estabilidade macroeconômica. A percepção de que um governo adota políticas fiscais responsáveis tende a aumentar a confiança dos investidores e a reduzir o risco-país, condições essenciais para o crescimento sustentável a longo prazo. Essa visão é frequentemente apoiada por organismos internacionais e por estudos que correlacionam a saúde das contas públicas com a resiliência econômica em tempos de crise. A divergência, portanto, reflete visões distintas sobre o papel do Estado na economia e as ferramentas mais eficazes para promover o desenvolvimento.

A proposta de Lula de discutir a criação de uma nova moeda para os países do BRICS, antes da cúpula do bloco, adiciona outra camada de complexidade à discussão econômica. A ideia visa reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais e fortalecer a cooperação monetária entre as nações emergentes. No entanto, a implementação de uma moeda comum enfrenta obstáculos significativos, incluindo a necessidade de harmonização das políticas econômicas e monetárias dos membros, a volatilidade de suas moedas nacionais e a confiança que tal moeda inspiraria nos mercados globais. Historicamente, tentativas de criar uniões monetárias bem-sucedidas exigiram um nível elevado de integração política e econômica, o que ainda é um desafio para os BRICS. A discussão, no entanto, abre espaço para a reflexão sobre alternativas ao sistema financeiro global atual.

Paralelamente, a ex-presidente Dilma Rousseff destacou a importância de um desenvolvimento que seja, primordialmente, sustentável, inclusivo e justo. Essa perspectiva alinha-se com os novos rumos da economia global, que cada vez mais priorizam a responsabilidade ambiental e social. Um desenvolvimento sustentável busca conciliar o crescimento econômico com a preservação dos recursos naturais e a mitigação das mudanças climáticas, enquanto um desenvolvimento inclusivo visa garantir que os benefícios do progresso cheguem a todos os setores da sociedade, reduzindo desigualdades. A justiça social, nesse contexto, implica a criação de políticas que promovam a equidade e o bem-estar coletivo, garantindo que ninguém seja deixado para trás.

Nesse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou otimismo em relação ao modelo financeiro do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco dos BRICS. Segundo Haddad, a instituição demonstra viabilidade financeira e tem sido capaz de gerar impactos concretos e sustentáveis em seus projetos. O NDB foi criado com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países membros e em economias emergentes, oferecendo uma alternativa aos bancos multilaterais de desenvolvimento tradicionais. A gestão financeira sólida e a execução eficaz de projetos são cruciais para consolidar a credibilidade do banco e atrair mais recursos, contribuindo para a agenda de desenvolvimento dos países do bloco.