A morte de Odete Roitman em Vale Tudo, em 26 de março de 1989, chocou o Brasil e se tornou um dos momentos mais marcantes da história da televisão. A novela das oito da Rede Globo, escrita por Gilberto Braga, Leonor Bassani e Carlos Lombardi, que posteriormente teve a colaboração de Aguinaldo Silva, parou o país em suspense. A identidade do assassino permaneceu sob sigilo absoluto até a exibição do capítulo final, gerando uma febre nacional de palpites e teorias. O delegado responsável pelo caso, em entrevista exclusiva, revelou detalhes bastidores da gravação que envolveu a atriz Debora Bloch, interpretando a personagem Maria de Fátima, que aparece gritando de forma icônica a frase “Assassina!”. A cena, carregada de emoção e mistério, contribuiu para a atmosfera de incerteza que cercava o desfecho da trama, transformando a novela em um verdadeiro fenômeno cultural. O impacto da morte de Odete Roitman foi tão grande que, na época, até mesmo o presidente da República, José Sarney, teria tentado descobrir o nome do assassino, demonstrando a penetração da novela em todas as esferas da sociedade brasileira. Para manter o suspense, a Globo chegou a gravar finais alternativos, e o autor Aguinaldo Silva, coautor da versão original, declarou em diversas ocasiões que nem mesmo ele sabia a identidade do assassino até o último momento, evidenciando o cuidado e a estratégia por trás da condução do mistério. Essa decisão de escrita, compartilhada de forma fragmentada aos atores e à equipe externa, garantiu que a surpresa e a indignação de Maria de Fátima fossem genuínas, impactando diretamente o público que também se sentia enganado pela vilã Odete Roitman. A novela, uma crítica mordaz à sociedade brasileira dos anos 80, abordou temas como corrupção, ambição desmedida e a busca incessante pelo poder e riqueza, representados de forma contundente pela personagem Odete Roitman. Sua morte, longe de ser apenas um ponto de virada na trama, simbolizou o fim de uma era de opulência e crueldade, abrindo caminho para questionamentos sobre justiça e redenção. O legado de Vale Tudo se estende até hoje, com a frase “Quem matou Odete Roitman” sendo perpetuada em memes, discussões e até mesmo em homenagens, como a feita pela socialite Narcisa Tamborindeguy, que se apropriou da cena e do bordão, eternizando-o na cultura popular. A reviravolta final, com a revelação de que Leila (Cássia Kis Magro) era a assassina, surpreendeu muitos, mas consolidou a genialidade da escrita de Vale Tudo. O mistério, a complexidade dos personagens e a crítica social afiada fizeram da novela um marco inesquecível, capaz de transcender o tempo e continuar relevante nas discussões sobre a teledramaturgia nacional e a própria identidade brasileira. A curiosidade sobre quem, de fato, deu um fim à vilã Odete Roitman, continua viva, alimentando a nostalgia e o fascínio por uma obra que definiu uma geração.