Defesa de Augusto Heleno questiona atuação de Alexandre de Moraes em caso de conspiração golpista
As defesas de generais envolvidos em investigações sobre supostas tramas golpistas têm buscado delinear uma estratégia para dissociar seus clientes do ex-presidente Jair Bolsonaro. No caso específico do General Augusto Heleno, a defesa protocolou nesta semana petições endereçadas ao Ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito que apura a organização de um plano para impedir a posse do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia centra-se em uma crítica direta à condução das apurações, questionando a metodologia e o escopo das perguntas dirigidas às testemunhas e aos investigados. A defesa alega que a abordagem ministerial se assemelha a um processo inquisitório, minimizando a necessidade de um juiz de garantias para assegurar a imparcialidade do processo. A quantidade de questionamentos apresentados também foi alvo de críticas, sugerindo que tal volume visa apenas a obtenção de confissões ou a criação de uma narrativa predeterminada pelos investigadores. Dentro dessa linha de argumentação, os advogados de Heleno buscam desvincular o general de qualquer participação ativa ou conhecimento prévio sobre os planos que estão sob investigação. Alegam que os depoimentos coletados, incluindo o do próprio Heleno, não apresentariam indícios concretos de sua participação em um plano de ruptura democrática. Ao contrário, a defesa sustenta que as diligências realizadas por Moraes estariam focadas unicamente em construir um elo, por mais tênue que fosse, entre os militares de alta patente e o ex-presidente Bolsonaro, ignorando outras nuances que poderiam contextualizar as conversas ou reuniões sob escrutínio. A crítica à atuação de Alexandre de Moraes como um juiz inquisidor é um ponto central na defesa. Argumenta-se que o ministro estaria extrapolando suas funções e conduzindo um processo com um viés pré-definido, o que comprometeria a imparcialidade do judiciário. Menciona-se, neste contexto, a alegação de que Moraes estaria investigando testemunhas, o que seria uma prática inadequada e contrária aos preceitos legais. Essa estratégia visa, portanto, fragilizar as evidências apresentadas e levantar dúvidas sobre a legalidade e a idoneidade do processo como um todo, buscando a absolvição ou, no mínimo, a desqualificação das acusações. Adicionalmente, a defesa de Augusto Heleno tenta, através desses argumentos, pavimentar o caminho para um futuro afastamento de Bolsonaro como figura central na trama golpista. Ao desqualificar a atuação do judiciário e sugerir uma perseguição seletiva, a intenção é reduzir a influência do ex-presidente na narrativa pública e nos desdobramentos legais. A estratégia jurídica adota um tom de confronto com o STF, especificamente com o Ministro Alexandre de Moraes, buscando demonstrar que as investigações não estão sendo conduzidas de forma justa e imparcial, o que pode abalar a credibilidade do inquérito perante instâncias superiores, caso haja recursos futuros. Esta abordagem reflete uma tática comum em casos de grande repercussão política, onde a defesa tenta moldar o debate público e jurídico simultaneamente.