A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do Marco Civil da Internet e a responsabilização das grandes plataformas digitais, conhecidas como big techs, repercute em todo o cenário online brasileiro. Inicialmente focada em regular o poder dessas empresas, a medida acabou por lançar uma sombra de incerteza sobre a internet como um todo no país. A complexidade da legislação e sua aplicação prática levantam questões sobre como dados serão tratados, quem será o responsável por conteúdos ilegais e quais serão os limites para a atuação dessas gigantes da tecnologia, que moldam grande parte da nossa experiência digital. A análise do Marco Civil, iniciado em 2014, buscava estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, visando um ambiente mais democrático e seguro. A decisão recente do STF, ao interpretar e aplicar esses princípios em casos concretos, abriu um leque de novas interpretações e possíveis consequências que ainda estão sendo desvendadas por juristas e especialistas. Essa ação, que envolve um universo de mais de 213 milhões de brasileiros usuários da rede, tem o potencial de redefinir a relação entre cidadãos, plataformas e o Estado, alterando dinâmicas de poder e controle sobre a informação. Especialistas apontam que a decisão, embora possa ter a intenção de coibir abusos e garantir direitos, pode inadvertidamente criar barreiras ou dificuldades para a liberdade de expressão e o livre fluxo de informações, um pilar fundamental da internet. A discussão sobre a responsabilidade das plataformas digitais é uma batalha antiga e complexa, com implicações significativas para a liberdade de expressão e a moderação de conteúdo. A forma como o STF abordou essa questão, buscando um equilíbrio entre a proteção dos usuários e a liberdade editorial das plataformas, é um ponto crucial que gerará desdobramentos em diversas áreas, desde a política até o cotidiano dos brasileiros. A forma como essa decisão será implementada e interpretada nos próximos meses e anos definirá o futuro da internet no Brasil e servirá como um importante estudo de caso para outros países que enfrentam desafios semelhantes na regulamentação do ambiente digital e no combate à desinformação e a conteúdos prejudiciais. A reverberação dessa decisão afeta não apenas as grandes corporações de tecnologia, mas cada usuário que navega, compartilha e consome informações online, tornando a compreensão de seus efeitos essencial para a sociedade.