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Dalton Trevisan: O Legado Literário do Vampiro de Curitiba

Em um ano que marca o centenário de seu nascimento, a figura enigmática de Dalton Trevisan, carinhosamente conhecido como o ‘Vampiro de Curitiba’, ressurge com força no cenário literário brasileiro. A singularidade de sua obra, que mergulha nas complexidades da existência humana e nos recantos mais obscuros da alma, continua a fascinar leitores e críticos, consolidando seu lugar como um dos maiores contistas do país. Trevisan, que mantinha uma vida reclusa e avessa aos holofotes, construiu um universo ficcional denso e impactante. Suas narrativas, concisas e muitas vezes brutais, desnudam o cotidiano de Curitiba, a cidade que ele transformou em cenário e personagem de seus contos. Os personagens de Trevisan são arquétipos da marginalidade e da solidão, reflexos de uma sociedade muitas vezes indiferente e cruel. A paixão de Trevisan por autores como Anton Tchékhov e Machado de Assis é evidente em sua escrita, marcada pela ironia mordaz, pela concisão e pela capacidade de extrair drama e melancolia do trivial. Além disso, sua devoção à Bíblia como fonte de inspiração e parafraseado por muitos, como elemento estrutural de sua obra, revela a profundidade de seu repertório e a riqueza de suas referências, que transcenderam barreiras literárias para tocar em questões existenciais universais. A obra de Dalton Trevisan é um convite à reflexão sobre a condição humana, sobre a cidade e seus habitantes, e sobre os aspectos mais intrínsecos de nossa sociedade. Em seu centenário, revisitar o ‘Vampiro de Curitiba’ é mergulhar em um universo literário original e atemporal, que continua a ecoar nas consciências de quem se aventura por suas páginas.