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Cúpula do BRICS no Rio: Ausência de Xi Jinping e Putin Esvazia Evento Presidencial

A ausência de Vladimir Putin na cúpula do BRICS no Rio de Janeiro foi oficialmente comunicada pelo Kremlin, que alegou falta de clareza por parte do governo brasileiro em relação aos acordos e pautas que seriam discutidos. Essa justificativa, no entanto, surge em um contexto de forte pressão internacional sobre Putin, que está sob mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) devido à guerra na Ucrânia. O Brasil, como signatário do Estatuto de Roma, estaria legalmente obrigado a cumprir tal mandado caso Putin pisasse em território nacional, o que o levaria a uma situação de risco de detenção. Essa complexa questão jurídica e diplomática parece ter pesado na decisão final do líder russo, que optou por evitar o país.

Paralelamente, a ausência de Xi Jinping, o líder chinês, também representa um revés para a representatividade da cúpula. Em seu lugar, a China enviará o primeiro-ministro Li Qiang. Embora Li Qiang seja uma figura de alto escalão no governo chinês e possua vasta experiência em política e economia, a sua participação no lugar de Xi Jinping diminui o peso político e simbólico do encontro. A China é um dos pilares do BRICS e a presença de seu presidente confere uma gravidade estratégica às discussões, principalmente em temas como expansão do bloco, reformas nas instituições financeiras globais e a busca por alternativas à hegemonia ocidental.

A decisão conjunta de Putin e Xi Jinping de não comparecerem pessoalmente ao Rio de Janeiro tem repercussões significativas para a organização e para a percepção da força do BRICS no cenário internacional. A ausência de dois dos fundadores e principais articuladores do bloco pode ser interpretada como um sinal de desinteresse ou, no mínimo, de uma redefinição de prioridades por parte de Rússia e China. Para o Brasil, sediar um evento com a participação de representantes de menor escalão, quando se esperava a presença dos chefes de Estado, representa um desafio para consolidar os objetivos da sua presidência e para projetar uma imagem de um bloco coeso e influente.

A cúpula do BRICS, que deveria ser um palco privilegiado para discutir a integração econômica, a cooperação em áreas estratégicas e a articulação de posições conjuntas em fóruns multilaterais, agora se vê em uma posição delicada. A agenda, que certamente incluirá a expansão do bloco com novos membros e a discussão sobre o mecanismo de pagamento em moedas locais, precisará ser conduzida com a representatividade reduzida. O Brasil, como anfitrião, terá a tarefa de garantir que o encontro seja produtivo e que os objetivos estabelecidos sejam alcançados, apesar das ausências de peso que preveem um tom mais técnico e menos decisório em nível de chefes de Estado.