Crise dos Chips: Celulares Intermediários Terão Menos RAM e Preços Elevados em 2026
A indústria de tecnologia enfrenta um cenário desafiador com a persistente crise dos chips, que agora ameaça impactar diretamente os aparelhos de entrada e intermediários. Com a Samsung e a SK Hynix, principais fornecedoras de memória RAM, recusando-se a baixar os preços de seus componentes, a tendência é que os fabricantes de smartphones se vejam forçados a otimizar custos onde for possível. Uma das medidas mais prováveis, segundo analistas do setor, é a redução da quantidade de memória RAM em modelos intermediários, retornando a capacidade de 4 GB em 2026, uma configuração que há anos vem sendo gradualmente substituída por 6 GB ou 8 GB. Essa retração na capacidade de memória pode ser vista como um retrocesso para os consumidores, que esperam cada vez mais fluidez e capacidade multitarefa em seus dispositivos.
A conjuntura atual é resultado de uma complexa teia de fatores, incluindo a alta demanda global por dispositivos eletrônicos impulsionada pela digitalização acelerada, a guerra comercial entre potências econômicas e gargalos logísticos que afetam toda a cadeia de suprimentos. A IA generativa, embora promissora, também adiciona mais pressão sobre a capacidade de produção de chips, intensificando a escassez. Essa demanda crescente por poder computacional para treinamento e operação de modelos de IA, que exigem componentes de alta performance, desvia recursos e capacidade de produção de chips mais básicos e de menor valor agregado, como os utilizados em celulares e outros eletrônicos de consumo em massa.
No Brasil, além da possível redução na especificação de RAM, os consumidores podem se preparar para um aumento significativo nos preços. A Samsung, uma das maiores players do mercado, prevê que eletrônicos podem ficar até 20% mais caros em 2026. Essa projeção abrange não apenas celulares, mas também notebooks e outros dispositivos que dependem intensivamente de semicondutores. O câmbio, os impostos e os custos logísticos internos também contribuem para agravar o impacto da crise global no mercado nacional, tornando o acesso à tecnologia um desafio ainda maior para uma parcela significativa da população.
Diante desse cenário, as empresas do setor de eletrônicos terão que equilibrar a necessidade de manter margens de lucro com a pressão para oferecer produtos acessíveis aos consumidores. A aposta em inovações que otimizem o uso da memória RAM existente, softwares mais eficientes e o desenvolvimento de novas arquiteturas de chip podem ser caminhos para mitigar os efeitos da crise. Contudo, a curto e médio prazo, a expectativa é de um período de reajustes e possíveis sacrifícios em termos de especificações técnicas para os dispositivos de entrada e intermediários, enquanto o mercado digere as consequências da maior crise de semicondutores das últimas décadas.