Copom Decide Manutenção da Selic em 15% Anual em Meio a Pressões
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se reúne nesta quarta-feira para deliberar sobre a taxa básica de juros, a Selic. A expectativa majoritária entre economistas e analistas de mercado é que o Copom opte pela manutenção da Selic em 15% ao ano, um patamar que se mantém desde agosto de 2023. Esta seria a terceira reunião consecutiva em que a taxa permanecerá inalterada, refletindo um cenário de cautela por parte da autoridade monetária diante de diversas variáveis econômicas e fiscais.
A decisão do Copom ocorre em um contexto de debates intensos sobre a condução da política monetária no país. Por um lado, o governo federal tem expressado sua preferência pela redução da taxa de juros, argumentando que juros altos dificultam o investimento, a geração de empregos e o crescimento econômico. Essa pressão se reflete em declarações públicas de membros do Executivo, que buscam sinalizar uma nova orientação para os juros.
Por outro lado, a equipe econômica do Banco Central baseia suas decisões em um conjunto de indicadores, que incluem a inflação corrente e projetada, o cenário fiscal, a atividade econômica e o comportamento das expectativas. Atualmente, a inflação ao consumidor, medida pelo IPCA, tem mostrado resiliência, especialmente no setor de serviços, e as incertezas fiscais, diante do desempenho das contas públicas e da trajetória da dívida, criam um ambiente de maior risco. A manutenção de juros elevados visa conter pressões inflacionárias e ancorar as expectativas, além de ser um sinal de independência do Banco Central.
As projeções do mercado financeiro, consultadas em pesquisas como o Boletim Focus, indicam pouca margem para cortes na Selic no curto prazo. A maioria dos analistas só vislumbra um ciclo de flexibilização monetária com mais força a partir do segundo semestre de 2025 ou mesmo em 2026, dependendo da evolução da inflação, do arcabouço fiscal e da política monetária internacional. Portanto, o comunicado que acompanhará a decisão do Copom será fundamental para entender se a autoridade monetária manterá um tom mais duro e cauteloso, ou se haverá algum sinal de suavização, o que poderia indicar uma mudança futura no ritmo ou na magnitude dos possíveis cortes de juros.