Comissão aprova tributação de 18% em investimentos como alternativa ao IOF
Uma Comissão Mista do Congresso Nacional aprovou nesta terça-feira (16) uma Medida Provisória (MP) que visa instituir uma nova forma de tributação sobre investimentos, como alternativa à taxação anteriormente proposta sobre as apostas esportivas (bets). A MP estabelece uma alíquota de 18% sobre os rendimentos de fundos de investimento no Brasil e de debêntures incentivadas, com a novidade de isentar da cobrança os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs). Essa decisão surge após intensos debates e um recuo por parte do governo em relação à taxação das apostas, demonstrando a complexidade das negociações políticas e econômicas no cenário atual. A proposta agora segue para avaliação do plenário da Câmara dos Deputados, que adiou para esta quarta-feira a votação da MP que trata das bets e dos bancos, indicando um período de intensa articulação para garantir a aprovação das matérias em trâmite. A validade da MP alternativa ao IOF não será perdida durante o processo, conforme sinalizou o deputado Hugo Motta, o que traz um certo fôlego para que as discussões avancem sem a pressão de um prazo iminente. A tramitação atribulada dessa MP reflete os desafios enfrentados pelo governo Lula em obter apoio no Congresso Nacional para suas pautas econômicas. A escolha por tributar investimentos de renda já gera discussões sobre o impacto no mercado financeiro brasileiro e na atratividade do país para investidores. Enquanto alguns defendem que a medida é necessária para equilibrar as contas públicas e garantir recursos para o Tesouro Nacional, outros alertam para o risco de fuga de capitais e a desestimulação do investimento em renda fixa fomentado por incentivos fiscais, como os de LCI e LCA. A isenção dessas modalidades, no entanto, é vista como um ponto positivo para o setor imobiliário e do agronegócio, que se beneficiam diretamente da captação de recursos através desses instrumentos. A estratégia de apresentar uma alternativa com foco na tributação de investimentos surge em um contexto onde a arrecadação fiscal é um tema central para o governo. Após a sinalização de que a MP das apostas esportivas poderia não avançar da forma desejada, o Executivo buscou uma nova frente para compensar a renúncia fiscal esperada com outras medidas ou para aumentar a receita geral. A alíquota de 18% foi escolhida como um meio termo, buscando gerar receita sem desestimular excessivamente o investidor brasileiro, mas ainda assim representando uma mudança significativa na carga tributária. A polarização entre a necessidade de arrecadação e a manutenção de um ambiente favorável aos investimentos será o principal ponto de atenção nas próximas semanas. A demora na aprovação de medidas econômicas relevantes, como a apresentada agora, também expõe a capacidade do governo de construir consensos no Legislativo. A articulação política para a aprovação dessas MPs é crucial para a previsibilidade econômica e para transmitir confiança aos agentes de mercado. A expectativa é que, após a votação na Câmara, a MP siga para o Senado, onde poderá sofrer novas emendas e debates. A forma como o Congresso decidir lidar com essa questão da tributação de investimentos definirá em parte o cenário econômico e fiscal dos próximos anos no Brasil, impactando tanto os investidores individuais quanto as empresas que utilizam esses instrumentos para se financiar.