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Clima seco e tarifas de Trump disparam preço do café

O clima seco que assola as principais regiões produtoras de café tem sido um dos principais vetores na disparada recente dos preços no mercado internacional. A escassez de chuvas adequadas afeta diretamente o desenvolvimento dos grãos, a produtividade das lavouras e, consequentemente, a oferta global. Esse cenário de oferta restrita cria um ambiente propício para a valorização das commodities, levando o preço do café Arábica a ultrapassar a marca de dois mil pontos em poucas horas na última segunda-feira, um reflexo direto da lei da oferta e demanda em sua forma mais pura. Produtores e analistas de mercado observam com atenção a evolução climática, pois dias de seca prolongada podem ter impactos ainda mais severos na safra vindoura.

Paralelamente aos efeitos do clima, a recente imposição de tarifas de importação pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas, incluindo o café oriundo do Brasil e do Vietnã, adicionou uma nova camada de complexidade ao cenário. Entidades do setor agroexportador brasileiro relatam uma queda expressiva nas exportações de cafés especiais e solúveis para o mercado americano, impactadas diretamente por essas novas barreiras comerciais. Essa retração na demanda por produtos brasileiros, quando combinada com a oferta já limitada devido a fatores climáticos, contribui para a pressão inflacionária sobre o produto final, tornando o café da manhã nos Estados Unidos significativamente mais caro, como apontam diversas fontes econômicas.

A associação dessas duas forças – clima adverso e tarifas comerciais – resultou na maior alta anual do preço do café no século para os consumidores americanos. A política de tarifas, implementada pela administração anterior, visava rebalancear balanças comerciais, mas acabou gerando efeitos colaterais indesejados para o consumidor final. A dependência do mercado americano por cafés de países como o Brasil e o Vietnã torna a economia do país particularmente vulnerável a essas medidas, evidenciando a interconexão das cadeias produtivas globais e a sensibilidade dos preços a choques externos, sejam eles naturais ou impostos pela política econômica.

Essa conjuntura levanta debates importantes sobre a resiliência das cadeias de suprimentos agrícolas e a eficácia das políticas tarifárias como ferramentas de política externa. A expectativa agora recai sobre os próximos relatórios de safra, as previsões meteorológicas e eventuais reajustes nas políticas comerciais adotadas pelos Estados Unidos. A alta dos preços, embora benéfica para alguns produtores em curto prazo, representa um desafio para os consumidores e para a estabilidade de um setor econômico vital para diversos países, incluindo o Brasil, um dos maiores produtores e exportadores de café do mundo, que vê seu principal mercado comprador reagir negativamente às suas políticas comerciais.