Clã Bolsonaro em Santa Catarina: A Candidatura de Carlos ao Senado e as Controvérsias
A movimentação política em Santa Catarina em torno da possível candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado tem sido um dos temas mais comentados nos últimos dias. A notícia de que Flávio Bolsonaro saiu em defesa da candidatura do irmão no estado catarinense indica uma estratégia de consolidação do legado familiar e da força política do grupo. No entanto, a iniciativa tem enfrentado resistência e gerado controvérsias internas, como evidenciado pelas declarações de um prefeito do PL que se disse contrário à ideia, afirmando que o partido em Santa Catarina não se considera ‘gado’ a ser conduzido sem questionamentos. Essa reação aponta para uma autonomia e um senso de identidade política próprios dentro do PL catarinense, que pode não ver com bons olhos a imposição de candidaturas externas, mesmo que ligadas a figuras proeminentes como o clã Bolsonaro. A percepção de Carlos Bolsonaro como um ‘forasteiro divisor’ por parte de alguns analistas reflete essa tensão entre a estrutura partidária local e as ambições nacionais da família. A escolha de Santa Catarina como palco para essa disputa eleitoral não é aleatória. O estado tem um histórico de forte mobilização da direita e um eleitorado que, em grande parte, acompanha as tendências nacionais. Contudo, essa tentativa do clã Bolsonaro de se proteger e expandir sua base eleitoral pode acabar por fragmentar ainda mais o cenário político local. A ausência de Jair Bolsonaro como figura central em campanhas futuras, devido à sua inelegibilidade, força seus filhos a buscarem novas estratégias e bases de apoio. A disputa por uma vaga no Senado em Santa Catarina, neste contexto, se torna emblemática de uma tentativa de reconfiguração do poder e influência do grupo em nível nacional. Essa briga interna, que a mídia tem chamado de ‘roupa suja que a direita lava em Santa Catarina’, demonstra a complexidade e os bastidores da política. A necessidade de defender a candidatura de Carlos Bolsonaro por parte de Flávio sugere uma preocupação com a coesão do grupo e a manutenção da sua projeção política. Por outro lado, a resistência interna no PL de SC indica que a força do clã pode ter limites quando confrontada com interesses e identidades locais mais arraigadas. A estratégia de se fixar em um estado onde o grupo não tem origem pode gerar atritos e ser vista como uma tentativa de controle externo, colocando em xeque a narrativa de representatividade popular autêntica que a direita costuma defender. O potencial de Carlos ser um ‘divisor’ dentro do partido e do estado é um risco real que a família precisará gerenciar. Em suma, a candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina é um reflexo da estratégia do clã de se reinventar e encontrar novos caminhos para manter sua relevância política após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022 e sua subsequente inelegibilidade. A repercussão no estado, com reações de desagrado por parte de membros do próprio partido, expõe as dificuldades e os desafios dessa empreitada, indicando que a consolidação do poder familiar pode enfrentar obstáculos significativos, especialmente quando se choca com a dinâmica e os interesses regionais. A forma como essa situação evoluirá poderá definir novos rumos para a direita brasileira e para a própria estrutura do PL em nível nacional.