Celso Amorim teme guerra mundial e critica ordem internacional após ataques ao Irã
O ex-chanceler Celso Amorim manifestou em diversas entrevistas um temor crescente de que os recentes ataques ao Irã possam desencadear uma guerra de proporções globais. A declaração, que ecoa em diferentes veículos de comunicação como UOL, CNN Brasil e O TEMPO, aponta para uma conjuntura internacional altamente instável, onde a diplomacia parece em xeque. Amorim, com sua vasta experiência em relações exteriores, fundamenta seu receio na complexidade das alianças regionais e na possibilidade de um efeito cascata, onde conflitos localizados escalariam para um confronto em larga escala, envolvendo as principais potências mundiais. Essa preocupação não é infundada, considerando o histórico de intervenções e a dinâmica de poder no Oriente Médio.
A crítica de Amorim à vulnerabilidade da ordem mundial é um ponto nevrálgico nas discussões sobre segurança internacional. A estrutura de governança global, concebida após a Segunda Guerra Mundial e solidificada com a criação da ONU e seus mecanismos de dissuasão e pacificação, parece cada vez mais fragilizada. Os eventos recentes, incluindo a dificuldade em desescalar conflitos e a emergência de novas polarizações, corroboram a tese de que o arcabouço legal e político internacional está sob forte pressão. A postergação da conferência da ONU sobre a criação de um Estado palestino, por exemplo, reflete as dificuldades em manter a agenda diplomática em meio à ebulição geopolítica.
Amorim argumenta que a falta de um consenso global sobre como lidar com as provocações e represálias entre as nações envolvidas no conflito no Oriente Médio agrava a situação. A retórica inflamada e as ações militares, realizadas em um tabuleiro complexo onde diferentes interesses convergem e divergem, criam um ambiente propício para erros de cálculo e escaladas não intencionais. A história nos mostra que conflitos regionais, quando mal administrados, podem rapidamente transcender suas fronteiras originais e atrair a atenção e a intervenção de potências extrarregionais, transformando crises localizadas em crises globais.
Diante desse cenário sombrio, a análise de Celso Amorim serve como um alerta crucial para a comunidade internacional. A necessidade de um reforço nas ferramentas diplomáticas, o diálogo aberto e a busca por soluções pacíficas e negociadas tornam-se imperativos. A inteligência coletiva e a coordenação de esforços são fundamentais para evitar que a instabilidade atual se consolide em um conflito mundial, cujas consequências seriam catastróficas para a humanidade e para a ordem global.