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BRICS estuda construir cabo submarino de fibra óptica e discute governança da IA

O grupo BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está explorando a viabilidade da construção de um cabo submarino de fibra óptica próprio para fortalecer as comunicações entre os países membros. Essa iniciativa surge como uma estratégia para reduzir a dependência de infraestruturas já existentes, muitas vezes controladas por outras potências globais, e garantir maior soberania e segurança nas trocas de dados. A ideia visa não apenas aprimorar a conectividade digital interna, mas também criar uma alternativa robusta para o tráfego de internet em escala global, beneficiando o comércio eletrônico, a pesquisa científica e a colaboração diplomática entre as nações do bloco. A implementação de um cabo submarino próprio representa um passo ambicioso que pode redefinir as rotas de comunicação internacional e fortalecer a posição geopolítica do BRICS no cenário digital.

Paralelamente ao desenvolvimento de infraestrutura física, os países do BRICS têm intensificado o debate sobre a governança da inteligência artificial (IA). Defendem um modelo que se alinhe com a Carta das Nações Unidas e que assegure o respeito aos direitos autorais no uso de dados para treinamento de algoritmos. Essa postura contrapõe visões, como as de Donald Trump, que defendem uma abordagem mais liberal, e busca estabelecer um marco regulatório internacional que proteja os criadores de conteúdo e promova um desenvolvimento ético e responsável da IA. A preocupação com a proteção de dados pessoais e a remuneração justa pelo uso de material protegido por direitos autorais em sistemas de IA reflete uma consciência crescente sobre os impactos sociais e econômicos dessas novas tecnologias.

A governança da inteligência artificial é vista pelo BRICS como um terreno crucial para afirmar sua visão de um mundo multipolar e justo. Ao propor uma regulamentação baseada em princípios já estabelecidos em documentos como a Carta da ONU, o grupo busca conferir legitimidade e universalidade às suas diretrizes. Isso implica em garantir que o avanço tecnológico não ocorra à custa de direitos fundamentais ou da soberania nacional. A discussão sobre pagamentos de direitos autorais no contexto da IA, em particular, aborda o desafio de como modelos de negócios emergentes podem coexistir com leis de propriedade intelectual já consolidadas, um dilema que afeta desde artistas e escritores até empresas de mídia e tecnologia em todo o mundo.

A articulação do BRICS em torno desses temas mostra um bloco em busca de maior autonomia e influência em áreas estratégicas para o século XXI. A construção de um cabo submarino de fibra óptica e a promoção de uma governança global da IA sob seus termos demonstram um desejo de moldar o futuro da conectividade e da inovação tecnológica, alinhado com seus próprios interesses e valores. Essas ações coordenadas buscam fortalecer não apenas a infraestrutura e as normas, mas também a própria unidade e o peso político do grupo no cenário internacional.