DIU: Apenas um quinto das UBSs realizam o procedimento segundo censo nacional
Um levantamento recente aponta um dado preocupante sobre o acesso a métodos contraceptivos no Brasil: apenas 20% das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) realizam a inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU). O DIU é reconhecido mundialmente como um método contraceptivo reversível de longa duração, com alta eficácia na prevenção da gravidez indesejada e vantagens adicionais, como a possibilidade de reduzir cólicas e o fluxo menstrual, aspectos que podem impactar positivamente a qualidade de vida de muitas mulheres. A baixa oferta nas UBSs, porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), limita o acesso a essa opção para uma parcela significativa da população, especialmente para aquelas com menor poder aquisitivo, que dependem majoritariamente dos serviços públicos de saúde para o planejamento familiar. Os resultados do censo destacam uma lacuna importante na política de saúde sexual e reprodutiva do país, demandando ações urgentes para reverter esse quadro e garantir que mais mulheres possam usufruir dos benefícios do DIU. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o DIU como um dos métodos contraceptivos mais seguros e eficazes, e sua disponibilidade nas UBSs seria um passo fundamental para a promoção da saúde da mulher e a redução das taxas de gravidez não planejada, que muitas vezes acarretam consequências sociais e econômicas negativas. A capacitação de profissionais de saúde e a disponibilidade contínua do insumo nas unidades de saúde são fatores cruciais para reverter essa estatística, assegurando um direito básico à saúde reprodutiva. A dificuldade de acesso ao DIU nas unidades básicas de saúde do Brasil é uma questão que transcende a simples disponibilidade do método em si. Ela reflete desafios estruturais na formação de profissionais, na gestão de insumos e na própria priorização de determinados métodos dentro das políticas de saúde. Para que o DIU se torne uma opção mais acessível, é necessário um investimento contínuo em programas de treinamento para ginecologistas e enfermeiros sobre a técnica de inserção e acompanhamento, além de uma logística eficiente que garanta o suprimento constante do dispositivo nas UBSs. Programas de educação em saúde que informem a população sobre os benefícios e a segurança do DIU também são fundamentais para aumentar a demanda e, consequentemente, a oferta, criando um ciclo virtuoso de acesso à saúde sexual e reprodutiva. A disparidade regional na oferta deste método também pode ser significativa, exigindo uma análise mais aprofundada para entender as barreiras específicas em cada localidade e direcionar as ações de forma mais efetiva. A expansão da inserção de DIU nas UBSs pode contribuir significativamente para a diminuição dos índices de abortos inseguros e para um planejamento familiar mais eficaz, impactando positivamente indicadores de saúde pública e o bem-estar das mulheres brasileiras. Outro ponto relevante a ser considerado é a necessidade de desmistificar o DIU para o público em geral e para alguns profissionais de saúde, combatendo informações equivocadas e promovendo um debate baseado em evidências científicas sólidas sobre sua segurança e eficácia. A luta pela ampliação do acesso ao DIU nas unidades básicas de saúde é, portanto, uma luta pela garantia da autonomia reprodutiva e pela promoção da saúde integral da mulher em todo o território nacional.