Ações da Ambipar (AMBP3) enfrentam uma severa crise de liquidez e confiança no mercado nesta sexta-feira, registrando quedas que chegaram a 60%. Essa desvalorização expressiva se soma a uma tendência de queda acentuada, com a ação acumulando perdas de aproximadamente 90% em apenas um mês. Esse cenário alarmante sugere uma desconexão significativa entre o valor percebido pela empresa e sua cotação em bolsa, intensificando a incerteza entre investidores e analistas. As causas dessa derrocada são multifacetadas, envolvendo desde disputas societárias complexas até questões regulatórias e de governança corporativa.

A crise atual parece estar intrinsecamente ligada a desdobramentos de uma briga de controle entre os acionistas da Ambipar. Informações indicam que Bradesco e Opportunity, antigos parceiros e fundos relacionados à família que controla a empresa, estariam desovando suas participações, pressionando ainda mais o preço das ações. Essa movimentação por parte de players importantes sinaliza uma perda de apetite pelo ativo, possivelmente devido a divergências estratégicas ou a dificuldades em manter o alinhamento de interesses. A dinâmica de venda em massa por parte de controladores ou grandes investidores foge do padrão e acende um alerta vermelho para a saúde financeira e operacional da companhia.

A Ambipar, fundada em 1995 e presente em cerca de 40 países, não é estranha a polêmicas. Sua trajetória, embora marcada por expansão global, também é pontuada por questionamentos que, diante da crise atual, ganham nova dimensão. A associação entre a volatilidade extrema das ações e eventos passados, como disputas e possíveis irregularidades, pode reforçar a percepção de risco para o mercado. A relevância de uma investigação envolvendo o ex-CFO da empresa, que marcou uma reunião privada com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), adiciona um componente regulatório e de conformidade à crise, já que a atuação de seus líderes é um pilar para a confiança dos investidores.

Em resposta a essa turbulência, o ex-CFO da Ambipar, figura chave na gestão financeira da empresa, solicitou uma audiência privada com a CVM. Essa medida indica a tentativa de endereçar possíveis preocupações regulatórias ou esclarecer fatos que possam estar impactando negativamente a percepção do mercado sobre a companhia. A intervenção direta de um ex-executivo de alto escalão junto ao órgão regulador sublinha a gravidade da situação e a urgência em recompor a confiança. A capacidade da Ambipar em navegar por essa crise, resolver suas pendências com Bradesco e Opportunity, e demonstrar transparência e solidez em sua governança determinará seu futuro no mercado de capitais.