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Alimentação cara em aeroportos pode justificar menor tarifa aeroportuária, diz diretor da Anac

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apresentou um argumento que surpreendeu o setor de aviação e os consumidores: a alimentação cara nos aeroportos brasileiros, como o pão de queijo e o café, é um dos fatores que permitem a manutenção das tarifas aeroportuárias em patamares mais baixos quando comparadas a outros países. Essa estratégia visa equilibrar as contas das concessionárias que administram os terminais, uma vez que a receita proveniente da exploração comercial do espaço, incluindo a oferta de alimentos e bebidas, é uma componente importante do modelo de negócio. Ao longo dos anos, observou-se um aumento no percentual da receita das concessionárias que provém de fontes não tarifárias, como aluguel de lojas, estacionamentos e serviços de alimentação, em detrimento da tarifa de embarque. Essa diversificação de receitas é uma prática comum na indústria aeroportuária global, onde os terminais são entendidos como verdadeiros centros de serviços e comércio, indo além da mera funcionalidade de embarque e desembarque de passageiros. A ideia é que um ambiente agradável e com diversas opções de consumo incentive os passageiros a gastarem mais durante o tempo que passam no aeroporto. No entanto, a percepção generalizada é que os preços praticados nesses locais são significativamente superiores aos encontrados fora dos aeroportos, gerando críticas por parte dos usuários que se veem em um ambiente de pouca ou nenhuma concorrência e com preços inflacionados. Um estudo da consultoriaídia aponta que a receita não tarifária em aeroportos de concessão no Brasil representou cerca de 40% da receita total das concessionárias em 2022, um índice que tem crescido consistentemente. Essa dependência crescente da receita comercial significa que as concessionárias têm um forte incentivo para atrair e reter passageiros em suas áreas de comercial, buscando maximizar o consumo. Consequentemente, a gestão dessas áreas pressupõe negociações com operadores de lojas e restaurantes, onde as condições comerciais, incluindo taxas de ocupação e percentuais sobre o faturamento, são estabelecidas. Portanto, a declaração do diretor da Anac levanta um debate sobre a forma como os custos operacionais dos aeroportos são distribuídos. Se por um lado, a receita comercial ajuda a subsidiar as tarifas aeroportuárias, beneficiando as companhias aéreas e, em tese, os consumidores finais através de passagens potencialmente mais baratas, por outro lado, o custo elevado da alimentação pode ser percebido como um ônus direto para o passageiro. A eficiência e a transparência nesse modelo de gestão são cruciais para garantir que os benefícios se revertam de fato em tarifas competitivas sem onerar excessivamente os usuários que necessitam ou optam por consumir nos aeroportos.