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Advogado de Bolsonaro compara governo a legislação soviética e cita Caso Dreyfus em defesa do ex-presidente

Em uma estratégia de defesa que busca deslegitimar as acusações e desacreditar o processo judicial, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, representada por seus advogados, tem recorrido a citações históricas e comparações com regimes considerados autoritários para fundamentar seus argumentos. Uma das referências notórias foi a comparação com a legislação soviética, um regime conhecido por seu controle estatal rigoroso e repressão a opositores, sugerindo que as atuais ações judiciais contra Bolsonaro e seus aliados possuem características semelhantes em termos de perseguição política. Essa linha argumentativa visa despertar um senso de alerta sobre a possível distorção do estado de direito e a inviabilização da democracia sob o pretexto de manutenção da ordem. A intenção é pintar um quadro onde a perseguição política se sobrepõe à justiça imparcial, um discurso que busca ressoar com públicos que desconfiam de instituições de controle ou que possuem um viés mais crítico em relação ao ativismo judicial. Além disso, a defesa fez alusão ao Caso Dreyfus, um notório escândalo de falsa acusação e antissemitismo na França do século XIX, onde um oficial do exército foi acusado de traição falsamente. A inclusão dessa referência histórica, onde a injustiça prevaleceu sobre a verdade por motivos pessoais e políticos, serve para reforçar a tese de que Bolsonaro estaria sendo vítima de um processo viciado, com provas forjadas ou mal interpretadas, e com um veredito pré-determinado por interesses que vão além da busca pela justiça. A estratégia é complexa, pois tenta criar uma narrativa de vitimização e injustiça contra o ex-presidente, recorrendo a paralelos históricos que evocam regimes despóticos e casos de condenação errônea. Gilmar Mendes, em outra frente, reforça a necessidade de responsabilizar os envolvidos na trama golpista, evidenciando as diferentes abordagens dentro do próprio espectro político e jurídico sobre a gravidade dos acontecimentos e os caminhos para a sua resolução. Em meio a críticas diretas a ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes, a defesa de Bolsonaro busca encapsular a narrativa em torno de uma perseguição política direcionada, ao passo que outros atores jurídicos reforçam a importância de se apurar e punir quaisquer atos que atentem contra o regime democrático e a constituição. A negação de Bolsonaro sobre qualquer ação para impedir a posse de Lula e a subsequente defesa que o associa a uma perseguição política demonstram uma clara tentativa de blindar sua imagem e desviar o foco de possíveis responsabilidades. Essa tática tem sido comum na política brasileira, onde a contra-narrativa e a desconstrução do adversário são ferramentas constantes para influenciar a opinião pública e o debate político. Portanto, a defesa de Bolsonaro se empenha em construir um discurso que transfere a responsabilidade e a culpa para outros agentes, sejam eles o próprio Judiciário, os meios de comunicação ou os opositores políticos, utilizando para isso artifícios retóricos e históricos que buscam gerar simpatia e convicção em seu público.