O segredo da ‘barriga’ da paineira: uma estratégia da natureza

Tronco espesso da árvore guarda uma incrível adaptação para sobrevivência nos ecossistemas da América do Sul. Entre agosto e setembro, ocorre a dispersão das sementes da paineira rosa, popularmente conhecida como barriguda
Diego Moraes/TV Globo
A resposta está em uma impressionante estratégia de sobrevivência: o tronco da paineira armazena água, ajudando a árvore a resistir a períodos de seca e a prosperar em solos de baixa fertilidade.
O apelido, “barriguda” refere-se ao intumescimento – ato de aumentar de volume – da parte central do caule, à meia altura da árvore, tendo a mesma um diâmetro maior no meio do que na base, armazenando água extraída através da seiva xilemática.
“O tronco mais espesso ou ‘barrigudo’ também ocorre em outras espécies do gênero e em outras espécies da família Malvaceae, como no caso do Baobá – planta citada no livro ‘O Pequeno Príncipe’”, explica a botânica Carol Ferreira.
A paineira-rosa é apenas uma das diversas as árvores que chamamos de paineira
Eduardo Polesi/VC no TG
Além do Brasil, a espécie pode ser encontrada no nordeste da Argentina, na Bolívia, e no Paraguai. No nosso território, essa espécie ocorre nas regiões Norte (Pará, Rondônia, Tocantins), Nordeste (Bahia, Ceará, Paraíba), Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
As flores da paineira têm pétalas longas, são bastante vistosas e apresentam grande variação na cor das pétalas, desde o rosa claro quase branco até o rosa mais escuro com estrias de coloração mais intensa. Produzem néctar e recebem a visita de borboletas, abelhas, beija-flores e até mesmo de morcegos nectarívoros.
“Os psitacídeos se alimentam das flores e das sementes, abrindo os frutos com facilidade; sendo muito comum vê-los se alimentando das sementes, mesmo quando os frutos ainda não estão completamente maduros”, diz a especialista.
Os psitacídeos se alimentam das flores e das sementes, abrindo os frutos com facilidade
Carolina Ferreira
A Ceiba speciosa apresenta um crescimento rápido, podendo atingir cerca de 6 metros de altura em um período de 2 a 3 anos, de acordo com informações de sites especializados em seu cultivo.
Essa espécie é pouco exigente em relação ao solo, adapta-se tanto a solos de baixa fertilidade química, secos e arenosos, quanto a solos férteis, profundos e ricos em matéria orgânica. No entanto, seu desenvolvimento é otimizado em solos bem drenados, conforme descrito na literatura.
Segundo a botânica, as principais características que diferenciam a Ceiba speciosa de outras espécies do gênero envolvem aspectos morfológicos, análises genéticas e a distribuição geográfica.
Árvora da paineira (Ceiba speciosa) apresenta um crescimento rápido, podendo atingir cerca de 6 metros de altura em um período de 2 a 3 anos
Carolina Ferreira
Quando os caracteres morfológicos não são suficientes para distinguir as espécies, recorre-se a análises genéticas e ao mapeamento de suas áreas de ocorrência para uma identificação mais precisa.
Quanto as propriedades medicinais da espécie, é relatado o uso de um emplastro feito a partir do cozimento da resina e da casca para o tratamento de hérnia, ínguas e queimaduras. As flores também são usadas contra asma e tosse.
Em uma publicação da Embrapa, é mencionado que indígenas de diversas etnias do Paraná e de Santa Catarina usam as flores da paineira no tratamento da coqueluche, como calmante da tosse.
Fruto de paineira (Ceiba speciosa)
Carolina Ferreira
Curiosidades sobre a espécie
A paineira é uma árvore decretada por lei municipal como árvore símbolo de Vista Alegre do Alto (SP). Em Ariquemes (RO), uma paineira se tornou patrimônio histórico ambiental da cidade, sendo proibida a sua derrubada. É citado que algumas culturas consideram a paineira como protetora das gestantes e símbolo de pureza e de instrução espiritual.
Na Mitologia Maia, uma outra espécie do mesmo gênero (Ceiba pentandra) é considerada como “árvore sagrada da vida”; sendo que ela simbolizaria o princípio da criação da natureza.
*Texto sob supervisão de Ananda Porto
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