Maioria da População Brasileira Quer Facções Consideradas Terroristas e Endurecimento de Penas
Uma recente pesquisa realizada pela Quaest em parceria com a CNN Brasil aponta uma forte inclinação da população brasileira em classificar as facções criminosas como grupos terroristas. Segundo o levantamento, 73% dos entrevistados defendem essa designação, refletindo um sentimento generalizado de insegurança e a percepção de que essas organizações agem com métodos e objetivos comparáveis aos de grupos terroristas. Essa demanda por um endurecimento da classificação e, consequentemente, das ações de combate, surge em um cenário onde a segurança pública se consolida como a principal preocupação para a maioria dos brasileiros, superando outras questões relevantes.
O debate sobre a denominação de facções criminosas como terroristas não é novo e esbarra em questões legais e estruturais complexas. No Brasil, a legislação antiterrorismo ainda é objeto de discussões e revisões, e a tipificação de um grupo como terrorista implica em uma série de responsabilidades e ações específicas por parte do Estado, que vão além das operações policiais convencionais. A aprovação popular de tal medida sugere uma exaustão com a violência e a criminalidade que assolam o país, impulsionada por eventos recentes, como a megaoperação no Rio de Janeiro que resultou em 121 mortos, a qual contou com a aprovação de 67% dos brasileiros, conforme aponta outra pesquisa Genial/Quaest.
A demanda por penas mais rígidas, mencionada em diversas outras pesquisas e análises, como as da BBC e do UOL Notícias, corrobora a insatisfação popular com o atual sistema de justiça criminal. A sensação de impunidade e a percepção de que o crime compensa parecem alimentar o desejo por um sistema mais punitivo. Contudo, especialistas em segurança pública e direito penal frequentemente alertam para os limites de uma abordagem puramente repressiva. A efetividade de tais medidas a longo prazo, especialmente sem o acompanhamento de políticas sociais e de prevenção, é frequentemente questionada.
A popularidade de discursos e políticos que adotam uma postura linha-dura no combate à criminalidade, com destaque para a guerra às drogas, também é um fenômeno a ser observado. Essa estratégia política, embora possa gerar dividendos eleitorais no curto prazo, levanta questionamentos sobre sua sustentabilidade e sobre os reais impactos na redução da violência e da criminalidade organizada. A dicotomia entre a busca por segurança imediata, muitas vezes através de medidas exemplares e severas, e a necessidade de intervenções estruturais e de longo prazo é um dos dilemas centrais enfrentados pela sociedade brasileira na atualidade.