Mariana 10 anos: Tragédia ambiental e o longo caminho por justiça e recuperação
Nesta semana, completam-se dez anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, um evento que marcou o Brasil e o mundo como a maior tragédia ambiental do país. O desastre liberou um mar de lama tóxica que devastou comunidades, destruiu ecossistemas e alterou profundamente a paisagem e a vida de milhares de pessoas, especialmente as que viviam em distritos como Bento Rodrigues. A força da lama destruiu casas, a infraestrutura local e deixou um rastro de destruição que, mesmo uma década depois, ainda é visivelmente presente e dolorosamente sentido pelos moradores que foram forçados a reconstruir suas vidas em locais completamente diferentes, longe de suas origens e de sua história. A promessa de recuperação se mostrou um caminho árduo e cheio de obstáculos, tanto para a reconstrução física dos distritos quanto para a restauração do tecido social e cultural das comunidades deslocadas. A busca por justiça e pela efetiva reparação dos danos ambientais e socioeconômicos continua sendo um dos principais anseios dos atingidos, que veem no chamado Novo Acordo do Rio Doce, muitas vezes criticado em sua implementação e eficácia, um passo formal, mas que ainda demanda ações concretas e abrangentes para reverter os severos impactos prolongados do rompimento. A tragédia de Mariana serve como um doloroso lembrete dos riscos associados à atividade mineradora e da imperativa necessidade de fiscalização rigorosa, de práticas mais sustentáveis e de mecanismos de prevenção e resposta a desastres mais eficazes, garantindo que as vidas e o meio ambiente sejam priorizados em detrimento dos interesses puramente econômicos. A memória do desastre, o legado dos que perderam suas vidas e a luta contínua dos sobreviventes ecoam como um chamado à reflexão profunda sobre o modelo de desenvolvimento e suas consequências, sobre a resiliência humana e a busca incessante por um futuro mais seguro e justo para todos. A data ressalta a necessidade de não esquecer, de acompanhar os desdobramentos e de pressionar por soluções duradouras que abranjam não só a reparação material, mas também a restauração da dignidade e a garantia de que tais eventos catastróficos não voltem a se repetir no Brasil.