Uma recente pesquisa realizada pela Folha de S.Paulo trouxe à tona um dado revelador sobre o cenário político brasileiro: a profunda lealdade e confiança que petistas e bolsonaristas depositam em seus respectivos grupos. Os resultados apontam que essa devoção se assemelha em muitos aspectos aos laços familiares, demonstrando um nível de identificação e pertencimento que transcende a simples preferência política para se configurar como uma verdadeira comunidade de valores e crenças. Essa dinâmica explica, em parte, a forte polarização que tem marcado a política nacional nas últimas décadas. A pesquisa sugere que, para além das propostas e ideologias, há um componente emocional e de identidade muito forte envolvido na adesão a esses grupos, onde a confiança nos líderes e correligionários é vista como um pilar fundamental para a manutenção da coesão interna. A forma como as informações são recebidas e disseminadas dentro desses grupos reforça ainda mais essa percepção, criando bolhas informacionais onde o debate externo é frequentemente filtrado e contestado. Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil, mas a intensidade observada aqui contribui para um ambiente político muitas vezes inflexível e propenso a conflitos. O estudo da Folha de S.Paulo, ao quantificar essa semelhança com laços familiares, oferece uma nova perspectiva para a compreensão da dinâmica de apoio a esses dois grandes blocos políticos que dominam o espectro eleitoral brasileiro. A profundidade dessa confiança pode influenciar não apenas o comportamento do eleitorado, mas também as estratégias de comunicação e mobilização dos partidos e movimentos políticos envolvidos nesse contexto.