O assassinato de Odete Roitman, uma das personagens mais icônicas e controversas da teledramaturgia brasileira, em “Vale Tudo”, gerou um mistério que transcendeu a tela e se tornou parte da cultura popular. A trama, exibida originalmente em 1988, manteve o público em suspense até os últimos capítulos, buscando desvendar a identidade do(a) responsável pela morte da implacável empresária. A complexidade do enredo, repleto de personagens com segredos e motivações escusas, alimentou diversas teorias e especulações ao longo dos anos, tornando a pergunta Quem matou Odete Roitman? um verdadeiro enigma nacional. A lista de suspeitos contava com um número considerável de indivíduos, cada um com razões plausíveis para desejar o fim de Odete. Desde familiares que se viam prejudicados por seus negócios e desmandos, até parceiros de negócios enganados e até mesmo pessoas humilhadas publicamente pela riquíssima, as motivações eram variadas. A própria Odete, com sua personalidade tirânica e suas artimanhas, colecionava inimigos em diversas esferas sociais. Entre os nomes mais cogitados e que ganharam destaque nas discussões da época, estavam personagens como Maria de Fátima, a ambiciosa filha que Odete reprimia; Leila, uma antiga rival nos negócios; e até mesmo o próprio Eugênio, que em um momento de desespero e confissões, assumiu a autoria. A intenção dos autores era justamente criar um clima de incerteza, onde qualquer um poderia ser o culpado, impulsionando o engajamento do público com a novela. No desfecho, a revelação do assassino pela própria Odete Roitman foi um golpe de mestre, trazendo à tona a complexidade da trama e a genialidade da escrita de Aguinaldo Silva e de Gilberto Braga. A forma como o mistério foi resolvido, desconstruindo as expectativas e apresentando uma solução surpreendente, consolidou “Vale Tudo” como um marco da televisão brasileira e provou o poder de uma narrativa bem construída em cativar e instigar a audiência. A lembrança de Odete Roitman, e de seu enigmático assassinato, permanece viva na memória afetiva de quem acompanhou a novela.