A chegada de mais de 2 mil doses de fomepizol ao Aeroporto de Guarulhos representa um alívio crucial no enfrentamento da crise de intoxicações por metanol que tem assustado o país. O fomepizol é um antídoto de alto impacto, capaz de bloquear a conversão do metanol em metabólitos tóxicos no organismo, como o ácido fórmico, que é o principal responsável pelos graves danos no nervos óptico e no sistema nervoso central. A rápida distribuição para os estados é fundamental para garantir o acesso ao tratamento o mais breve possível, uma vez que o tempo de resposta é um fator determinante para a sobrevivência e para a minimização das sequelas em casos de envenenamento por essa substância perigosa.

O Brasil tem registrado um número alarmante de casos de intoxicação por metanol, com São Paulo liderando as estatísticas. A confirmação de 23 casos na região evidencia a gravidade do problema e a necessidade urgente de medidas preventivas e de acesso a tratamentos eficazes. A presença de metanol em produtos de consumo irregular, muitas vezes disfarçado como álcool etílico em bebidas alcoólicas clandestinas ou produtos de limpeza, tem sido a principal porta de entrada para o envenenamento. A falta de regulamentação e fiscalização adequada em alguns setores permite que substâncias perigosas cheguem ao consumidor final, gerando tragédias e sobrecarregando o sistema de saúde.

A situação se agrava com episódios como o de um adolescente em Cabo Frio, com suspeita de intoxicação por metanol, que deixou o hospital sem autorização. Esse incidente levanta preocupações sobre a adesão ao tratamento, a segurança dos pacientes e a necessidade de um acompanhamento mais rigoroso em casos de extrema gravidade. A falta de supervisão adequada pode levar ao abandono da terapia, aumentando o risco de complicações irreversíveis e até mesmo a morte, além de dificultar a rastreabilidade da fonte contaminante e a contenção de novos casos.

O recebimento de 2,5 mil unidades de fomepizol pelo Brasil sinaliza um esforço coordenado entre órgãos governamentais e autoridades de saúde para combater essa ameaça. No entanto, a chegada do antídoto é apenas um passo. É imperativo que haja um trabalho contínuo de conscientização da população sobre os perigos do consumo de substâncias não regulamentadas, um reforço na fiscalização de produtos que possam conter metanol e uma investigação aprofundada para identificar e punir os responsáveis pela produção e distribuição de álcool adulterado. Além disso, a capacitação de profissionais de saúde em todo o país para o diagnóstico e tratamento rápido de intoxicações por metanol é essencial para maximizar o impacto positivo da chegada do fomepizol.