Relator da MP do IOF exclui taxação de apostas, e arrecadação estimada cai R$ 3 bi
A Medida Provisória 1184/2023, que propunha alterações na tributação de produtos financeiros e apostas esportivas, sofreu um revés com a decisão do relator de excluir o polêmico artigo que previa a taxação de 30% sobre a receita bruta das empresas de apostas online. Essa retirada, acatada após apelo de senadores e diante da pressão do setor, afeta diretamente as metas fiscais do governo federal. A justificativa para a exclusão foi a necessidade de maior aprofundamento e debate sobre o tema, buscando um consenso que permitisse a aprovação da matéria sem maiores resistências, permitindo assim que outras partes da MP fossem mantidas. A expectativa inicial do Ministério da Fazenda era de arrecadar R$ 15 bilhões em 2024 e R$ 18 bilhões em 2025 e 2026 somente com a tributação das apostas, o que agora representa um rombo considerável nas contas públicas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou otimismo quanto à negociação e à aprovação da MP pelo Congresso Nacional, ressaltando a importância da arrecadação para o equilíbrio fiscal, mas reconheceu que o aumento da tributação sobre as apostas era um ponto de grande sensibilidade. A decisão de adiar a votação da MP, solicitada pelo senador Davi Alcolumbre, presidente da comissão mista, demonstra o delicado cenário político em torno da proposta, com diferentes interesses em jogo e a necessidade de um diálogo mais amplo para avançar com a pauta econômica do governo. Enquanto isso, a MP mantém a isenção de Imposto de Renda para Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), um ponto que agrada ao setor financeiro e que deve ser mantido na versão final aprovada. A estratégia do governo agora será buscar alternativas para compensar a perda bilionária com a exclusão da taxação das bets, possivelmente através de outras fontes de receita ou de cortes de gastos, o que exigirá habilidade política e negocial por parte da equipe econômica e do próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O debate sobre a regulamentação das apostas esportivas, que envolve questões tributárias, de integridade e de licenciamento, continua em curso, e a MP agora se concentra em outras frentes, como a tributação de fundos de investimento em aplicações financeiras no exterior e a remuneração de depósitos compulsórios de bancos. A exclusão da taxação das apostas esportivas da MP 1184/2023 levanta questões sobre a capacidade do governo em avançar com agendas fiscais que impactam setores específicos e que demandam um diálogo político mais aprofundado. A indústria de apostas esportivas, que tem crescido consideravelmente no Brasil, defendia que a taxação proposta era excessiva e poderia levar à evasão fiscal. Por outro lado, o setor financeiro pressionava para manter a isenção de impostos em produtos como LCI e LCA, garantindo a atratividade desses investimentos. A negociação política e a articulação entre o Executivo e o Legislativo serão cruciais para a aprovação de medidas que garantam a sustentabilidade fiscal do país.