A atriz Carol Castro não poupou críticas à escolha de Virginia Fonseca para o posto de Rainha de Bateria da Grande Rio, escola de samba do Rio de Janeiro. Segundo a atriz, a decisão representa uma “hipocrisia absurda” e uma “hipocrisia louca”. A declaração de Castro gerou um grande debate nas redes sociais e entre os admiradores do carnaval, que questionam a pertinência da influencer assumir um posto tão tradicional e de destaque na agremiação. A associação do evento a personalidades que não possuem um histórico profundo de envolvimento com o samba e com a escola em específico tem sido um ponto de discórdia recorrente em muitos carnavais recentes, refletindo uma tensão entre a preservação da identidade cultural do carnaval e a busca por maior visibilidade e engajamento do público jovem através de influenciadores digitais.

A coroação de Virginia Fonseca na Grande Rio, de fato, trouxe um aumento significativo de visibilidade para a escola, que se tornou a mais seguida no Instagram. Este fato, embora positivo em termos de alcance e marketing, também levanta questões sobre os valores que o carnaval carioca pretende promover. Enquanto alguns defendem que a modernização e a adaptação aos novos meios de comunicação são essenciais para a sobrevivência e relevância do carnaval no cenário atual, outros argumentam que a essência e a tradição da festa, que envolvem o samba no pé, a dedicação e o conhecimento da história das escolas, estão sendo comprometidas. A escolha de uma figura midiática, com milhões de seguidores, pode ser vista como uma estratégia ousada, mas que corre o risco de descaracterizar a função histórica dos cargos dentro de uma escola de samba.

O samba é a alma do carnaval, e a figura da Rainha de Bateria é intrinsecamente ligada a essa essência. Tradicionalmente, as rainhas são escolhidas por seu amor ao samba, sua afinidade com a escola e, muitas vezes, por sua habilidade em dançar e encantar o público durante o desfile. Histórias de quenianas que dedicaram anos de suas vidas para alcançar esse posto são inúmeras, e a chegada de alguém com pouca ou nenhuma vivência prévia nos bastidores do samba levanta questionamentos sobre o respeito a essa trajetória. A crítica de Carol Castro, portanto, ecoa um sentimento de desvalorização do mérito e da construção gradual de uma carreira dentro do universo do carnaval.

Virginia Fonseca, conhecida por seu sucesso como influencer e empreendedora, tem um público fiel que a acompanha em suas plataformas digitais. Sua coroação na Grande Rio, como era esperado, mobilizou sua base de fãs, resultando no expressivo aumento de seguidores nas redes sociais da escola. No entanto, a pergunta que permanece é se essa popularidade online se traduzirá em um engajamento genuíno com a cultura do samba e com o espírito do carnaval. A polêmica em torno de sua nomeação pode ser interpretada como um reflexo da dicotomia entre o carnaval como espetáculo de entretenimento em massa e como expressão cultural com raízes profundas na comunidade, evidenciando a necessidade de um equilíbrio delicado para que a folia possa prosperar sem perder sua identidade.