O procedimento conhecido como osteo-odonto-queratoprótese, que envolve o transplante de um dente do próprio paciente para o globo ocular, tem surpreendido o mundo médico pela sua capacidade de restaurar a visão em casos de cegueira severa e irreversível. Recentemente, a história de um canadense que voltou a enxergar após 20 anos cego, graças a essa cirurgia, ganhou repercussão internacional, demonstrando o potencial dessa técnica complexa mas altamente eficaz no campo da oftalmologia. A cirurgia é indicada quando outras formas de transplante de córnea falham ou não são viáveis, especialmente em casos de doenças oculares graves que afetam a córnea, como olho seco severo, toxidade por medicamentos ou lesões químicas. A técnica foi desenvolvida na década de 1960, mas graças aos avanços médicos e tecnológicos, tem se tornado cada vez mais segura e acessível, permitindo que pacientes que antes não tinham esperança de recuperar a visão possam ter suas vidas transformadas. O processo cirúrgico é multifásico, começando com a extração de um dente, geralmente um canino, do próprio paciente. Este dente é então preparado em laboratório, com a criação de um pequeno orifício no seu centro, onde será alojada uma lente óptica. Em seguida, o globo ocular do paciente é preparado, removendo-se a córnea danificada e, se necessário, criando-se um espaço para o implante. A parte mais crítica da cirurgia é o transplante do dente preparado, junto com a lente, para o interior da órbita ocular, sobre a conjuntiva. Essa estrutura é então vascularizada, recebendo suprimento sanguíneo dos tecidos circundantes, o que é essencial para a sua sobrevivência e para manter a lente em posição. Finalmente, em uma segunda etapa cirúrgica, a córnea artificialmente criada a partir do dente é posicionada sobre a pupila, permitindo que a luz entre no olho e alcance a retina, restaurando assim a visão. A recuperação visual com a osteo-odonto-queratoprótese pode variar, mas em muitos casos, os pacientes conseguem alcançar uma visão útil, permitindo-lhes realizar atividades diárias que antes eram impossíveis. A complexidade da osteo-odonto-queratoprótese exige uma equipe médica altamente especializada, composta por cirurgiões oculares, cirurgiões bucomaxilofaciais e técnicos de laboratório, todos trabalhando em conjunto para garantir o sucesso do procedimento. Apesar de ser um procedimento raro e desafiador, os resultados relatados por pacientes que passaram por essa cirurgia são extremamente positivos, com muitos descrevendo o retorno da visão como um milagre e uma redescoberta do mundo ao seu redor. A osteo-odonto-queratoprótese representa um marco na medicina regenerativa e oferece uma nova esperança para milhares de pessoas em todo o mundo que sofrem de cegueira incurável por meio de métodos tradicionais.