A recente viagem do influenciador digital Felipe Neto aos Estados Unidos tornou-se palco de novas tensões políticas entre brasileiros, com setores da extrema-direita buscando correlacionar a presença do youtuber no país com as disputas nos EUA e promovendo ações para seu descredenciamento. Deputados e outros opositores a Neto utilizaram redes sociais e outros meios para acusar o influenciador de interferência política e solicitar às autoridades americanas, incluindo o governo Trump, o cancelamento de seu visto de entrada, alegando que ele seria uma figura política controversa e prejudicial aos interesses americanos. Essa movimentação, impulsionada por veículos de mídia alinhados à direita, como o Diário do Centro do Mundo e o Jornal da Cidade Online, sinaliza uma tentativa de amplificar as divisões internas do Brasil em um contexto internacional, utilizando as complexas relações diplomáticas e políticas entre Brasil e Estados Unidos como pano de fundo. A estratégia parece visar a criação de um paralelo entre as discussões políticas brasileiras e os debates acalorados que marcam a política americana, especialmente durante a gestão Trump, buscando capitalizar sobre a polarização existente em ambos os países. A própria manifestação do governo Trump, ainda que não explicitamente direcionada a Felipe Neto, adiciona uma camada de complexidade à situação, evidenciando como as disputas políticas brasileiras podem encontrar ressonância e até mesmo repercussão em outros cenários globais, sobretudo nos Estados Unidos, tradicionalmente um palco importante para a projeção de agendas políticas de diversas nações. A tentativa de associar a figura de Felipe Neto a campanhas de desinformação ou a posições consideradas extremistas por seus detratores brasileiros, quando projetada no contexto americano, levanta questões sobre a liberdade de expressão, as fronteiras da atuação de influenciadores digitais em esferas políticas e o impacto da polarização na interpretação de ações e discursos individuais em um cenário globalizado. Essa onda de ações, caracterizada por uma abordagem de intensificar a exposição de adversários políticos, remete a táticas de campanha já observadas em disputas eleitorais no Brasil, agora transpostas para uma arena internacional, com o objetivo de deslegitimar figuras de oposição e fortalecer narrativas próprias. A situação de Felipe Neto nos EUA, portanto, transcende a esfera pessoal do influenciador, tornando-se um sintoma da forma como a política brasileira contemporânea se expressa e busca aliados ou antagonistas em outros países, especialmente em momentos de grande efervescência política em ambas as nações. As acusações e pedidos de cancelamento de visto refletem um ambiente de intensa hostilidade política, onde os limites de atuação e a própria admissibilidade de figuras públicas em outros países são questionados com base em posicionamentos ideológicos e disputas de poder internas, demonstrando a complexa intersecção entre política interna, diplomacia e o papel das mídias sociais na configuração da opinião pública e das relações internacionais.