Juros do rotativo do cartão de crédito disparam, superando 100% em diversas instituições
A taxa média de juros do cartão de crédito no Brasil atingiu a marca de 31,4% ao ano em julho, segundo dados recentes. No entanto, a situação se agrava drasticamente quando se observa o crédito rotativo do cartão, modalidade de empréstimo de curto prazo utilizada quando o consumidor não quita o valor total da fatura. Neste cenário, algumas instituições financeiras estão cobrando taxas de juros que ultrapassam a impressionante marca de 100% do valor da dívida original, configurando uma prática que levanta sérias preocupações sobre o endividamento dos brasileiros. O Banco Central (BC) divulgou que o juro médio no rotativo do cartão disparou em julho, alcançando a estratosférica cifra de 446,6% ao ano, um reflexo direto da política monetária restritiva e do cenário econômico adverso. Essa taxa média, por si só, já é alarmante, mas o pior reside no fato de que apenas quatro instituições financeiras, entre as analisadas, mantêm juros abaixo de 100% para o rotativo; as demais expõem seus clientes a custos exorbitantes. Um levantamento revelou que em algumas situações os juros do rotativo podem chegar a 1.000% ao ano, o que impede a quitação da dívida e perpetua um ciclo de endividamento para muitos consumidores. Esse cenário expõe a fragilidade financeira de uma parcela considerável da população brasileira, que se vê presa em um mecanismo de crédito que, ao invés de oferecer solução, agrava seu problema financeiro. A questão do endividamento no Brasil é complexa e multifacetada, mas as altas taxas de juros no crédito rotativo do cartão de crédito representam um dos seus aspectos mais criticados e prejudiciais. A inadimplência tem crescido, e consumidores com dificuldades em honrar seus compromissos financeiros acabam recorrendo a essa modalidade, que se torna uma armadilha. A capacidade de pagamento é severamente comprometida, pois os juros compostos rapidamente superam o principal da dívida, tornando virtualmente impossível a quitação em um prazo razoável. Essa prática levanta debates sobre a necessidade de regulamentação mais rigorosa e de maior transparência por parte das instituições financeiras em relação aos custos efetivos do crédito. É fundamental que os consumidores compreendam os riscos associados ao uso do crédito rotativo e busquem alternativas mais viáveis para honrar suas dívidas, como o parcelamento da fatura do cartão ou a renegociação das dívidas com as próprias instituições financeiras ou com órgãos de proteção ao crédito antes que os juros se tornem incontroláveis. A educação financeira torna-se, portanto, uma ferramenta indispensável para navegar neste cenário complexo e cada vez mais desafiador para o bolso do cidadão comum, além de questionamentos sobre a responsabilidade das instituições em oferecer produtos de crédito mais sustentáveis e menos predatórios.