O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tem adotado uma estratégia de distanciamento em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao bolsonarismo, buscando uma imagem mais moderada para o futuro político do estado e do país. Em declarações recentes, Zema minimizou a força de seu vínculo com Bolsonaro, afirmando que a ligação não é tão grande quanto se especula, o que tem provocado reações negativas por parte de correligionários do PL, partido que o apoiou. Essa movimentação visa, possivelmente, atrair um eleitorado mais amplo e se consolidar como uma liderança com identidade própria, transcendendo a figura do ex-presidente.

A tentativa de Zema de se desvincular do bolsonarismo não se limita ao discurso. Ele também tem acentuado críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusando a corte de perseguir a direita e defendendo abertamente a anistia para Bolsonaro em relação a eventuais processos. Essa postura, embora alinhada a um discurso de parte da direita brasileira, cria uma dualidade em sua comunicação política, ao mesmo tempo em que busca se distanciar de Bolsonaro e, em outros momentos, defender pautas que ecoam o bolsonarismo. Essa estratégia ambígua tem sido observada com atenção pelo cenário político nacional.

Os ataques de deputados do PL a Romeu Zema na Assembleia de Minas Gerais evidenciam a insatisfação de setores do partido com a postura do governador. Um deputado chegou a proferir um discurso com quase 200 adjetivos pejorativos contra Zema, demonstrando o nível de embate político instaurado. Essas críticas refletem o descontentamento com a percepção de uma tentativa de descolamento de Zema de uma base que o impulsionou, e levantam questionamentos sobre a coesão e as dinâmicas internas do PL em Minas Gerais, especialmente em um cenário pré-eleitoral.

Ademais, Zema já descartou a possibilidade de ser vice em uma chapa presidencial em 2026. Essa decisão reforça a sua ambição de alçar voos mais altos na política nacional, possivelmente almejando a presidência ou outro cargo de destaque, sem se prender à figura de Bolsonaro ou a composições que limitem sua projeção. A sucessão presidencial de 2026 já começa a desenhar seus contornos, e a independência de Zema de composições anteriores demonstra sua clara intenção de traçar um caminho autônomo, o que pode ampliar ou restringir seu apoio dependendo da habilidade em navegar as complexas alianças políticas.