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Cinzas de Jaguar Serão Espalhadas em Bares do Rio e São Paulo Conforme Seu Desejo

Jaguar, cujo nome verdadeiro era Sergio Jaguaribe, um dos pilares do jornal O Pasquim, um marco na imprensa brasileira durante a ditadura militar, foi cremado nesta segunda-feira (25). Sua esposa, a atriz Claudia Montenegro, anunciou que cumprirá o desejo do cartunista de que suas cinzas fossem espalhadas em alguns de seus bares preferidos, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. Essa singular despedida reflete a personalidade vibrante e contestadora de Jaguar, que sempre celebrou a vida, a boemia e a liberdade de expressão através de seus traços e de sua atuação como cronista e chargista. O Pasquim, fundado em 1969, foi um tabloide que, com humor ácido e inteligência, desafiou a censura e criticou o regime militar, tornando-se um símbolo de resistência cultural e política. Jaguar foi uma figura central nesse movimento, não apenas como criador de personagens icônicos, mas também como um dos idealizadores e articuladores do jornal. Sua obra transcendeu o universo político, abordando com maestria temas sociais, comportamentais e o cotidiano brasileiro, sempre com um olhar aguçado e uma dose saudável de irreverência. A cerimônia de cremação contou com um velório decorado com diversas criações do cartunista, uma homenagem visual que reviveu a trajetória de sua prolífica carreira em meios como O Globo e O Pasquim, onde seus desenhos estampavam críticas sociais e políticas, além de personagens marcantes como o jaguar e outros que se tornaram parte do imaginário popular brasileiro. O legado de Jaguar se estende para além de suas charges e quadrinhos; ele foi um cronista perspicaz da sociedade brasileira, e suas reflexões sobre a vida, a morte, o trabalho e até mesmo sua experiência de prisão durante a ditadura militar continuam relevantes. A iniciativa de espalhar suas cinzas em bares emblemáticos é um último ato de comunhão com os locais que testemunharam suas ideias, suas conversas e seu espírito livre, perpetuando a memória de um artista que soube, como poucos, entrelaçar arte, humor e crítica social em sua obra. A partida de Jaguar deixa um vazio no cenário cultural e artístico do Brasil, mas seu espírito irreverente e sua contribuição para a imprensa e para a liberdade de expressão perdurarão através de suas obras e das memórias daqueles que tiveram a oportunidade de conhecer seu talento e sua personalidade única. O último anarquista, como foi carinhosamente chamado, descanse em paz, com o eco de suas risadas e críticas ressoando nos bares que um dia chamou de seu. Jaguar participou de alguns momentos importantes da história do Brasil, incluindo a fundação do Pasquim, e sua irreverência e estilo provocador o tornaram um dos cartunistas mais importantes do país. Sua arte foi uma ferramenta poderosa de crítica social e política, e sua ausência deixa um espaço difícil de ser preenchido no cenário cultural brasileiro. A forma como sua despedida está sendo planejada, com a cremação e o espalhamento de cinzas em locais que marcaram sua vida, é um reflexo fiel de sua personalidade irreverente e de seu amor pela vida, pelos amigos e pelos bares, que tantas vezes foram palco de suas inspirações e de suas reflexões sobre o Brasil. A memória de Jaguar continua viva em suas obras, que permanecem como um testemunho de sua genialidade e de sua importância para a cultura e para a história do país. As frases de Jaguar sobre a vida trouxeram reflexões sobre a importância da liberdade de expressão e do bom humor para enfrentar as adversidades, e certamente essa é uma das maiores lições que podemos tirar de seu legado. Sua passagem deixou um marco na história da caricatura e do jornalismo brasileiro, e a forma como ele utilizava o humor para denunciar injustiças e provocar o debate público é um exemplo a ser seguido.