Morre Jaguar, o irreverente cartunista criador de personagens icônicos e colaborador de O Pasquim
Jaguar, cujo nome de batismo era Sergio de Magalhães Iório, nos deixa aos 93 anos, encerrando uma trajetória rica e multifacetada no cenário cultural brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro, o cartunista, chargista e escritor se destacou pela sua irreverência e pela capacidade de traduzir as complexidades da sociedade em desenhos perspicazes e muitas vezes corrosivos. Sua obra é um reflexo de seu tempo, mas a universalidade de suas críticas e o afiado senso de humor garantem sua perenidade, influenciando gerações de artistas e pensadores. A perda de Jaguar representa um golpe para o universo das artes visuais, mas sua voz, eternizada em seus traços, continuará a ecoar por muitos anos, provocando reflexão e, claro, muita gargalhada.,Jaguar foi uma figura central na efervescência cultural brasileira, especialmente durante os anos de ditadura militar. Ele é um dos criadores e fundadores do jornal O Pasquim, um marco na imprensa alternativa e na resistência à censura. Ao lado de nomes como Henfil, Tarso de Meloo e Ziraldo, Jaguar utilizou o humor como arma política e social, driblando a repressão com inteligência e sarcasmo. Personagens como Bóris, o homem-tronco, e Ratinho Sig, além de tantos outros que povoaram suas tirinhas e charges, tornaram-se ícones da cultura popular, representando arquétipos e críticas com uma verve inconfundível. Sua contribuição para a liberdade de expressão no país é inestimável.,Com uma vida marcada pela boemia das décadas de 60 e 70, Jaguar transitou por círculos intelectuais e artísticos, absorvendo o espírito de seu tempo e o transformando em arte. Sua obra não se limitou ao cartunismo; ele também se aventurou na escrita, deixando contribuições literárias que carregam seu estilo inconfundível. Em entrevistas, o próprio Jaguar costumava relembrar sua trajetória com bom humor, descrevendo sua vida como uma “vidinha boa”, um eufemismo para uma existência plena de criatividade, amizades e paixões, mas também de intensa dedicação à sua arte e à luta por ideais, como o anarquismo que o acompanhou por grande parte de sua vida.,A notícia de seu falecimento gerou uma onda de homenagens nas redes sociais e na imprensa, com artistas, jornalistas e admiradores relembrando seu legado e a importância de seu trabalho. As frases sarcásticas e ácidas de Jaguar, repletas de crítica social e política, continuam a ser compartilhadas, demonstrando o poder duradouro de suas palavras e de seus desenhos. O cartunista deixa um vazio imenso, mas seu espírito contestador e sua genialidade artística perdurarão como um farol para a liberdade de expressão e para a força transformadora da arte no Brasil.