Acesso à Água e Saneamento Básico é um Luxo para Milhões de Brasileiros
A realidade do acesso à água e saneamento básico no Brasil é alarmante, com dados recentes do IBGE pintando um quadro preocupante para milhões de brasileiros. O levantamento aponta que cerca de 18 milhões de pessoas residem em lares que utilizam a rede geral de abastecimento, mas enfrentam a escassez de água diariamente. Essa situação expõe uma falha crítica na infraestrutura básica, onde a mera conexão à rede não garante o suprimento contínuo e confiável de um recurso essencial à vida. A irregularidade no fornecimento de água impacta diretamente a saúde pública, a higiene e a qualidade de vida das famílias, que precisam buscar alternativas, muitas vezes menos seguras, para suprir suas necessidades básicas. A situação é ainda mais crítica quando se observa a cobertura da rede geral de esgoto. Dez Estados brasileiros registraram menos da metade de seus domicílios com acesso a esse serviço fundamental. Esta deficiência no saneamento básico representa um grave risco à saúde pública, pois o descarte inadequado de esgoto pode contaminar fontes de água, solo e ar, facilitando a proliferação de doenças como diarreia, cólera e hepatite. A falta de saneamento adequado é um fator determinante para as disparidades sociais e de saúde que ainda persistem em nosso país, afetando desproporcionalmente as populações mais vulneráveis. O impacto socioeconômico da falta de saneamento básico é colossal, afetando desde a produtividade até os gastos com saúde pública. Em um contexto onde a coleta de lixo é apresentada como um serviço relativamente bem difundido, atingindo 93% dos domicílios, a persistência de 4,7 milhões de residências que ainda recorrem à queima de resíduos em 2024 é inaceitável. A queima de lixo a céu aberto libera gases tóxicos na atmosfera, contribuindo para a poluição do ar e problemas respiratórios, além de representar um risco de incêndio. Essa prática, embora em declínio, evidencia a necessidade de universalização de serviços de coleta e destinação de resíduos sólidos mais eficientes e ambientalmente responsáveis, como aterros sanitários adequados e programas de reciclagem. Os dados divulgados demonstram a urgência de investimentos massivos e políticas públicas eficazes para a universalização do saneamento básico e do abastecimento de água em todo o território nacional. A meta de garantir água potável e saneamento adequado para todos os brasileiros ainda enfrenta obstáculos significativos, exigindo um compromisso contínuo do governo e da sociedade para superar as deficiências históricas e construir um futuro mais saudável e equitativo para todos. O fato de que 3 em cada 10 residências no país não têm esgoto ligado à rede geral é um indicador gritante da necessidade de ações concretas. Essa estatística, que se repete em diversas regiões, demonstra a profundidade do problema e a urgência em priorizar o saneamento básico nas agendas governamentais. A falta de infraestrutura adequada perpetua um ciclo perigoso de doenças e degradação ambiental, afetando o desenvolvimento social e econômico. Em paralelo, o IBGE também destacou a situação em Mato Grosso do Sul, onde 51 mil casas não possuem acesso à água e outras 213 mil carecem de coleta de lixo regular, reforçando a heterogeneidade e a gravidade da questão em nível estadual.