Putin busca novo tratado de armas nucleares com EUA, enquanto tensões globais aumentam
A intenção do presidente russo Vladimir Putin em estabelecer um novo tratado de armas nucleares com os Estados Unidos reflete um cenário global complexo e de alta instabilidade. Após o colapso do Tratado INF (Intermediate-Range Nuclear Forces) em 2019, e com o futuro incerto do New START, o principal acordo remanescente que limita os arsenais nucleares estratégicos de ambos os países, a Rússia expressa a necessidade de novas bases para o controle armamentista. Essa busca por diálogo em matéria nuclear ocorre em meio a um histórico de atritos em outras áreas, como evidenciado pelas discussões sobre a venda do Alasca pelos russos aos americanos há mais de um século e meio, um evento que ainda ecoa em termos de memória histórica e de relações bilaterais.
O cenário diplomático em torno das conversas sobre controle de armas nucleares é amplamente influenciado pelo histórico de interações entre os líderes americanos e russos. Com Vladimir Putin no poder há duas décadas, ele já testemunhou a ascensão e queda de cinco presidentes dos Estados Unidos, cada um com suas próprias abordagens em relação à Rússia e ao controle de armamentos. Essa longevidade no poder oferece a Putin uma perspectiva de longo prazo sobre as dinâmicas internacionais, permitindo-lhe moldar a política externa russa de acordo com seus objetivos estratégicos, que frequentemente incluem a busca por paridade e respeito no cenário mundial.
A diplomacia russa, por vezes, utiliza símbolos carregados de significado histórico. A aparição do chanceler russo com uma camisa ostentando a sigla da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) ao chegar ao Alasca, por exemplo, pode ser interpretada como uma forma de evocar um passado de poder e influência global, talvez como um indicativo da ambição russa em recuperar um status de grande potência em meio às negociações e tensões atuais. Tais gestos simbólicos, combinados com a política externa assertiva, criam um pano de fundo para as negociações de armamentos, onde a confiança mútua é um elemento crucial e frequentemente escasso.
O contexto de uma possível reaproximação em matéria nuclear se dá em um momento onde a retórica de confrontação tem sido proeminente. Declarações como a de Donald Trump, que descreveu seu encontro com Putin como um período de “Altos desafios”, sublinham a dificuldade inerente a qualquer tentativa de diálogo entre as duas nações. A Rússia, ao propor um novo tratado, pode estar visando a contenção das ambições nucleares americanas e a reafirmação de seu próprio papel como potência nuclear relevante, buscando evitar uma nova corrida armamentista e, ao mesmo tempo, garantir sua segurança nacional em um mundo cada vez mais imprevisível.