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Lucro do Banco do Brasil cai 60% no 2º trimestre com inadimplência recorde no agronegócio

O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou seus resultados financeiros para o segundo trimestre do ano, apresentando uma queda expressiva de 60% em seu lucro líquido em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse recuo é amplamente atribuído ao aumento significativo da inadimplência, especialmente no setor do agronegócio, que o próprio CEO do banco, Fausto Ribeiro, classificou como a maior da história. A instituição financeira provisionou R$ 3,3 bilhões em perdas esperadas com crédito, reflexo direto da deterioração do cenário econômico e das dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais, afetados por fatores climáticos adversos e pela queda nos preços de commodities. Apesar do cenário desafiador, o CEO destacou a solidez e a capacidade do Banco do Brasil em suportar essa onda de inadimplência, reforçando que a instituição possui capital e liquidez adequados para atravessar este período. A cautela se mantém, com projeções indicando a continuidade de resultados estressados também no terceiro trimestre, à medida que os efeitos da crise no agronegócio continuam a reverberar no sistema financeiro. O desempenho semestral do banco, embora com queda de 40,7% no lucro ante o primeiro semestre de 2022, ainda demonstra a resiliência da instituição, com um lucro líquido de R$ 11,2 bilhões, evidenciando a força do seu modelo de negócios e a gestão de riscos em cenários de volatilidade econômica. As provisões para perdas com créditos subiram para R$ 5,7 bilhões no primeiro semestre, um aumento substancial que reflete a preocupação com a qualidade da carteira de crédito. O setor agropecuário, um dos pilares da economia brasileira, tem sofrido com a combinação de safra prejudicada pelas condições climáticas extremas, como a seca em algumas regiões e excesso de chuvas em outras, além da desvalorização de importantes produtos agrícolas. Isso impacta diretamente a capacidade de pagamento dos financiamentos contraídos pelos produtores, gerando um efeito cascata no setor bancário. A gestão do Banco do Brasil tem buscado reforçar as estratégias de recuperação de crédito e otimizar a carteira, priorizando clientes com maior potencial de adimplência e renegociando dívidas com aqueles que demonstram capacidade de honrar seus compromissos em novas condições. Contudo, o volume e a magnitude dos problemas no agronegócio exigem paciência e adaptação às novas realidades econômicas e climáticas. A expectativa é que medidas governamentais de apoio ao setor, como renegociação de dívidas e linhas de crédito emergenciais, possam mitigar parte dos impactos negativos, mas a recuperação completa da inadimplência no agro demandará tempo e um ambiente econômico mais estável e previsível, com condições climáticas mais favoráveis para as próximas safras.