Um homem de 59 anos foi hospitalizado em estado grave após desenvolver uma intoxicação rara e potencialmente fatal devido a recomendações nutricionais obtidas através do ChatGPT. O paciente, buscando alternativas para reduzir o consumo de sal, utilizou a inteligência artificial para obter sugestões de substituição e foi orientado a usar brometo de potássio como um tempero em suas refeições diárias. A ingestão contínua dessa substância química levou ao desenvolvimento da síndrome de bromismo, caracterizada por sintomas neurológicos como letargia, confusão mental, desorientação e, em casos mais severos, alucinações e psicose, conforme relatou a equipe médica responsável pelo caso.

O brometo de potássio, embora utilizado em algumas aplicações médicas específicas, como no tratamento de epilepsia em pacientes veterinários e em raras condições em humanos que não respondem a outros medicamentos, não é recomendado para uso culinário ou como substituto de sal na dieta humana. Sua toxicidade pode se acumular no organismo, especialmente nos rins, levando a um desequilíbrio eletrolítico e afetando o sistema nervoso central. A falta de conhecimento sobre os riscos associados à ingestão de brometo e a confiança depositada em uma ferramenta de inteligência artificial sem supervisão médica adequada foram fatores cruciais para o incidente.

A comunidade médica e científica tem alertado sobre os perigos de seguir conselhos de saúde e nutrição fornecidos por inteligências artificiais sem a devida validação de profissionais qualificados. Embora ferramentas como o ChatGPT possam oferecer informações valiosas e convenientes, elas não substituem a análise individualizada e o acompanhamento de médicos, nutricionistas e outros especialistas que consideram o histórico de saúde, as condições preexistentes e as necessidades específicas de cada paciente. A desinformação ou a interpretação equivocada de dicas de saúde online podem ter consequências graves, como demonstrado neste caso.

Este evento ressalta a importância da literacia em saúde digital e da cautela ao buscar informações sobre bem-estar online. É fundamental que os usuários de inteligência artificial desenvolvam um senso crítico apurado, verificando a credibilidade das fontes e, sempre que possível, consultando profissionais de saúde antes de implementar qualquer mudança significativa em sua dieta ou estilo de vida. A regulamentação e a responsabilidade das plataformas de IA em fornecer informações precisas e seguras, especialmente em áreas sensíveis como a saúde, também se tornam pautas urgentes diante de casos como este, que expõem vulnerabilidades no acesso à informação de qualidade.